Mas qual significado deste novo termo, que passou a ser tal usual, assim como pandemia, isolamento, quarentena são os novos tempos, trazendo novos desafios e novos olhares na vida cotidiana da sociedade em 2020. A quarentena imposta pela pandemia do coronavírus, o homeschooling, ou educação domiciliar, passou a ser prática e assunto de milhões de famílias brasileiras. As Redes estaduais, municipais e particulares em todo o Brasil suspenderam as aulas, deixando as crianças e adolescentes em casa por mais tempo. Segundo dados do Censo Escolar, em 2018 havia 48,4 milhões de alunos matriculados na educação básica em todo o país. O total inclui alunos das redes pública e particular na educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Muitas instituições e autoridades de ensino têm procurado integrar aos estudos a vida domiciliar com conteúdo educativos para serem aplicados pelos pais e familiares. O objetivo é minimizar o impacto da perda de aulas durante os meses de quarentena e dar continuidade ao currículo escolar.
Isso tem gerado uma discussão e reflexões muito inquietantes por todos os envolvidos. Será que está funcionando? Até que ponto a participação da família é eficaz e importante no processo de aprendizagem no educando? Sabemos que o processo de aprendizagem acontece de forma dinâmica e contínua, consciente e inconsciente e que hoje absorção de informações ao longo dia acontece muito rápido e grande quantidade. E o educando não é capaz de selecionar e adaptar tão complexo processo sozinho. Sem dúvida, um grande desafio para nós professores e familiares mediar esta tarefa. Segundo os teóricos Piaget e Vygotky da educação o processo de aprendizagem em seus estudos revelam como indivíduos pensam e se comportam nas diferentes fases da vida. Ambos, concordam com o ponto de vista de que a criança não é um adulto em miniatura. O desenvolvimento da criança não acontece automaticamente, portanto, ele é dinâmico e ativo durante toda vida do educando. Assim, o ambiente escolar e familiar no qual o educando está inserido deve complementar-se, pois seja a falta estímulos, incentivo ou as condições de ensino, no que se refere ao desempenho escolar. O ambiente familiar não deve ser colocado em segundo plano, mesmo se tratando da educação formal, porque como já foi relatado o processo de aprendizagem começa bem antes do início da vida escolar do educando e sabe-se que quando ao chegar a escola traz consigo uma bagagem considerável de conhecimentos, embora diferenciados em função do meio no qual vive.
É constado que experiências familiares aliadas ao trabalho escolar produzem numa melhora eficaz em relação ao nível de aprendizagem e consequentemente do rendimento escolar, pois, é comum no discurso diário dos professores que os alunos que recebem atenção significativa por parte da família, tendem a apresentar um melhor rendimento escolar, ao passo que aqueles que não recebem atenção adequada apresentam quase sempre desempenho escolar abaixo do esperado.
Venho então aqui, alertar para tão complexa integração família-escola com a finalidade de demonstrar que esta fase de isolamento, pandemia, quarentena e “homeSchooling” ou educação domiciliar pode trazer resultados importantes nesta relação que ao longo de tantos anos sofreu tantas transformações. Qual seria a maior característica dos seres humanos e da sociedade se não a de se adaptação ao meio ambiente e de fato a aprendizagem acontece com efeito o tempo todo, independente das condições do meio sem alterações morfológicas desde os mais simples organismos animais até o mais complexo. E no final deste estágio sairemos conscientes de que nós educadores e família devemos abraçar a tarefa desta relação família-escola com maior valorização de seus papeis (escola-família) e da importância de cada um, alterando mais uma vez as relações estabelecidas do ambiente escolar e familiar dentro do processo de aprendizagem do educando.
* Myla Machado - Mestre em História pela Universidade Federal da GrandeDourados (2019). Especialista em Educação a Distância pela Universidade Católica Dom Bosco (2013). Membro dos Grupos TEZ (Trabalho Estudos Zumbi), Grupo de Estudos e Pesquisas em Política e Planejamento educacional, História e Formação de Professores para Educação Étnico -Racial e da Comissão Sul-matogrossense de Folclore.