Esperando há cerca de quatro horas por atendimento, o auxiliar de serviços gerais João Antonio Cardoso Alves, 28 anos, já não sabe mais o que fazer para conseguir ser recebido por um médico na Caps (Centro de Atenção Psicossocial) Vila Almeida. Segundo ele, o médico do local se recusa a atendê-lo, mesmo se tratando de uma emergência.
“Eu estou desesperado, com muita dor de cabeça e preciso dos meus medicamentos. Tenho o encaminhamento da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), mas o médico não quer falar comigo. Eu convulsionei na noite de ontem, foi muito forte, tiveram que chamar a emergência”, conta João.
O auxiliar toma medicamentos controlados como Ácido Valpróico, Cardiolite e Carbamazepina, que só podem ser comprados através de receita médica.
Resposta
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), que respondeu que, segundo a coordenadoria da pasta, é de que o paciente fazia acompanhamento no Caps Vila Almeida com uma médica que não faz mais parte da equipe. Conforme os registros, o último registro de atendimento de João na unidade é de agosto de 2017.
"Ele procurou a unidade requerendo um laudo com a assinatura da profissional que fazia o seu atendimento para levar ao INSS e não uma receita, como foi mencionado. No entanto, por razões obvias, isso não será possível. A equipe da unidade fez o acolhimento deste paciente e sugeriu atendimento com outro profissional, mas ele se recusou", dizia a nota do órgão.
Paciente contesta
Em contraponto, João Antonio diz que em nenhum momento foi-lhe sugerido o atendimento com outro médico, e que ele não faz diferença entre um profissional e outro. Ele reafirma precisar da receita, e também do laudo.
"Só preciso desse documento, não importa quem assine. Não tem médico aqui, ou tem e não me atende. Por que eu estaria desde a manhã? Estou há quase seis meses sem a medicação, é urgente", rebate.