Paciente diabética de 30 anos, vítima de um grave acidente de trânsito, está internada desde sábado (22) no Hospital do Trauma, aguardando por uma cirurgia. Enquanto espera, sem previsão, enfrenta condições precárias, gambiarras por falta de atendimento e, agora, uma infecção na perna.
A jovem sofreu o acidente na madrugada de sábado, quando um carro em alta velocidade bateu na lateral do motorista do veículo em que ela estava. O condutor do outro veículo estava embriagado e a batida foi tão forte que a porta do carro da vítima afundou, prensando a perna dela. Com o impacto ela teve fraturas no fêmur e na bacia.
Após o resgate pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), ela foi encaminhada inicialmente para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino e, depois, transferida para a Santa Casa, chegando à Urgência e Emergência por volta das 8h30. Depois de horas aguardando vaga, foi direcionada ao setor de ortopedia do Hospital do Trauma.
Desde então, a paciente aguarda a realização de uma cirurgia de tração, procedimento no qual são inseridos dois pinos na perna para reposicionar o osso com a ajuda de uma corda. No entanto, segundo a amiga e acompanhante Sulymara, a equipe médica da Santa Casa alegou não ter equipamentos disponíveis para a realização do procedimento.
"Está desde sábado esperando para fazer a cirurgia de tração, mas a Santa Casa alegou de início que não tem equipamentos para cirurgia. No entanto, no domingo, chegou uma paciente de quarto dela e fez a cirurgia de tração e já está aguardando a cirurgia ortopédica", reclama Sulymara.
Enquanto a cirurgia não é realizada, os profissionais do hospital improvisaram um método para tentar manter o osso no lugar. Um galão de água foi amarrado à perna da paciente, como um peso.
Além disso, nesta terça-feira (25), a ferida começou a apresentar pus, o que indica o início de um quadro infeccioso. A infecção preocupa ainda mais a família da jovem, já que ela possui diabete. Eles temem que possa evoluir para uma infecção generalizada.
Outro agravante na situação da paciente é o constante jejum na esperança da cirurgia que nunca chega, explica a acompanhante. Desde que foi internada, ela tem sido submetida a períodos prolongados de jejum, ficando sem se comer das 23h até as 17h do dia seguinte, recebendo apenas a refeição da noite.
Sulymara alerta que, por ela ser diabética, esse jejum é perigoso e complica ainda mais a situação dela. "A minha amiga é diabética, mas está sem fazer refeições como deve ser feito para quem tem diabete. Mesmo assim, continua em jejum por horas, o que pode desestabilizar os níveis de glicose e comprometer a saúde dela ainda mais", explica a amiga acompanhante.
Outra reclamação da acompanhante é a falta de médicos para assinar a transferência dela para o plano de saúde. Segundo ela, há dois dias não aparece um médico sequer para avaliar o caso e liberar a transferência.
"Entendemos a superlotação, porém tem dois dias que estamos esperando médico passar para fazer a transferência dela para o plano de saúde. Só queremos a transferência dela e nem isso estamos conseguindo, caso contrário o que era pra ser só uma cirurgia pode virar uma infecção generalizada", diz a amiga, revoltada.
A Santa casa foi procurada pela reportagem e indagada a respeito do caso. Em reposta, o hospital reafirmou que, "dentro de suas possibilidades, tem buscado manter o atendimento em níveis aceitáveis para todos os pacientes que chegam ao hospital".
"No entanto, alguns pacientes têm precisado ser transferidos para outras instituições. Em acordo com a regulação, esses pacientes estão sendo encaminhados para outros hospitais que não a Santa Casa de Campo Grande, devido ao desabastecimento de materiais essenciais", continua a nota.
"Os materiais que causam maior impacto na assistência médica são, principalmente, na área de ortopedia, afetando o tratamento de diversas condições, como fraturas, traumas e fraturas expostas. Caso não haja um tratamento adequado para essas patologias, os pacientes podem estar sujeitos a um risco significativo de agravamento de seu quadro de saúde", finaliza a nota.