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Saúde

19/09/2021 12:52

MS tem 428 pessoas na espera por doação de órgãos; 70% das famílias recusam doar

A fila do Estado conta com pessoas na espera por 4 corações, 147 rins e 277 córneas

Mato Grosso do Sul tem ao menos 428 pessoas na fila de espera por doação de órgãos, mas 70% das famílias de pacientes com morte encefálica recusam doar, segundo a Central Estadual de Transplantes.

A fila do Estado conta com pessoas na espera por 4 corações, 147 rins e 277 córneas. E, para piorar, a pandemia reduziu os transplantes em todo País por diversos motivos.

“Muitas vezes tinha um potencial doador de órgãos e tecidos, e o resultado do teste de covid dava positivo. Algumas vezes tínhamos o doador e não tinha leito disponível para realizar o transplante. Outras vezes o receptor que ia receber o transplante estava com Covid. Tivemos alta na negativa familiar. As famílias ansiosas e com medo da doença, negavam fazer a doação. Foram vários fatores que fizeram com que o processo fosse prejudicado”, explica a coordenadora estadual da Central de Transplantes, Claire Miozzo.

De janeiro a agosto deste ano, foram realizados transplantes de 1 coração, 7 rins e 91 córneas. Em comparação, no mesmo período do ano passado, foram 3 corações, 17 rins e 80 córneas.

De acordo com a ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), 67% dos brasileiros têm o desejo de doar órgãos, mas apenas metade já avisou a família. A campanha Setembro Verde deste ano reforça a importância de avisar a família sobre a decisão.

A espera

A fila do Estado conta com pessoas na espera por 4 corações, 147 rins e 277 córneasBeatriz

Quando uma pessoa entra na lista de espera, ela já imagina que vai demorar a conseguir um doador. Além da covid-19, os candidatos sofrem com o grande número de pessoas na espera e a reduzida quantidade de doadores, além de contratempos relacionados à compatibilidade entre doador e receptor.

A analista contábil Beatriz Souza Cunha, 34 anos, recebeu o transplante de córnea em 2019, antes da pandemia. Ela conta que ficou seis meses na fila, e lembra como se fosse hoje do dia que recebeu a ligação da Central de Transplantes.

“Fiquei paralisada de felicidade e medo ao mesmo tempo! Feliz por ter chegado meu esperado dia de finalmente resolver um problema que estava dificultando muito minha vida e me causando grandes transtornos! Perder a visão além de ser difícil pela própria deficiência, também deixa uma marca pesada na auto estima pois afeta a aparência do olho, então era muito triste estar passando por aquela situação. Com medo pois é uma cirurgia que envolve riscos como qualquer outra questão cirúrgica. Mas graças a Deus e aos profissionais que me atenderam deu tudo certo”, conta.

Luciana de Oliveira França, 40 anos, sonha com o mesmo desfecho de Beatriz. Uma infecção associada ao uso da lente, acabou prejudicando sua córnea e já são dois anos de espera por um transplante.

“Estou há dois anos na fila. O transplante é essencial, tanto de córneas quanto para outros órgãos, porque em nós mulheres, por exemplo, a autoestima vai lá embaixo. Eu não caí em depressão porque confio muito em Deus, e entreguei nas mãos Dele e também das famílias que puderem autorizar a doação de seus entes queridos”, convoca.

Ela conta que fez dos óculos escuros um acessório tão indispensável no dia a dia, que até os filhos questionam porque a mamãe não fica mais sem óculos. A fim de conscientizar as pessoas a se declararem doadores de órgãos e tecidos, Luciana não só tirou uma foto sem o adereço, como também autorizou a publicação da imagem.

Como ser um doador

Para ser um doador de órgãos e tecidos para transplante, nenhuma declaração em vida é válida ou necessária.

Não há possibilidade de deixar em testamento, não existe um cadastro de doadores de órgãos e nem são mais válidas as declarações nos documentos de identidade e carteiras de habilitação e nem as carteirinhas de doador.

Por isso é importante discutir o assunto com a família, que decide se o parente vai ou não doar.

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