O MPE (Ministério Público Estadual) instaurou inquérito civil para investigar a insuficiência de enfermeiros para atendimento aos pacientes do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul e se o NIR (Núcleo Interno de Regulação) está funcionando regularmente.
O caso será investigado pela promotora Daniela Cristina Guiotti, da 32ª Promotoria de Justiça de Saúde Pública. Os detalhes do processo foram colocados em sigilo.
Em março, funcionários denunciaram que a situação do PAM (Pronto Atendimento Médico) do Hospital Regional estava caótica. Diante da falta de profissionais, a superlotação foi considerada inevitável, sendo que em determinado momento daquele mês foi registrado 40 pacientes para apenas três funcionários.
A defasagem no número de profissionais foi constatada durante fiscalização do Coren (Conselho Regional de Enfermagem), que preferiu não divulgar detalhes da vistoria, mas confirmou déficit no setor.
O presidente do Sintss/MS (Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social de Mato Grosso do Sul), Ricardo Bueno, disse que neste primeiro momento já conseguiu que a fiscalização do Coren fosse ao PAM para verificar as más condições de trabalho devido à falta de mão de obra.
''A partir de agora, o Coren vai fazer mais vistorias no restante do hospital e ver que o problema atinge outros setores'', comentou.
Funcionários, que pedem para não ser identificados, reclamam que a situação é 'desumana' e que há problemas até para administrar medicamentos como antibióticos, que demandam horário exato. Também há reclamações de pacientes quanto à falta de banho.
Ainda segundo Bueno, o governo do Estado precisa contratar urgentemente mais profissionais, porém está impedido de chamar temporários por conta de uma decisão judicial que o obriga a fazer concurso público para preencher as vagas.
''A solução agora é concurso. Existem 14 pessoas aprovadas, mas ainda é insuficiente. Podemos fazer um acordo e aceitar a contratação de temporários, desde que não seja de caráter 'ad eternun', e que o governo faça o concurso pelo menos dentro de seis meses'', propôs o sindicalista.
Bueno disse que no PAM, dos 104 funcionários necessários só existem 82. E o pior, segundo ele, é que a defasagem no número de funcionários não consegue ser suprida com horas extras, já que o limite de 60 horas mensais geralmente estoura no dia 15 de cada mês.