Em dia que falou das conquistas e frustrações do governo em seu primeiro mandato, previsões para 2019 e os planos para o segundo mandato, o governador reeleito de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), fez uma revelação: o setor da saúde, para ele, foi o grande trunfo de sua gestão, no entanto, a área também causou-lhe desapontamento.
Primeiro explicou a felicidade: “foram feitas 70 mil cirurgias, acabamos com a fila de espera pelo atendimento médico que pacientes buscavam há anos, atingimos uma meta”, disse o governador.
Comentário de Azambuja tem a ver com a Caravana da Saúde, projeto dele criado já no início de 2015, quando assumiu o governo.
Caminhões equipados com ferramentas médicas e hospitares, nos quatro últimos anos, seguiram até 11 dos 79 municípios do Estado e lá foram ofertados serviços à população procedimentos de consultas ortopédicas, cirurgia geral, oftalmológica, urológica, ginecológica e também serviços de otorrinolaringologia.
A ideia do governo, é que a Caravana vá para cidades onde a rede de saúde é precária e que os pacientes não precisem transitar por até 300 quilômetros atrás do atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde).
Das 70 mil cirurgias mencionadas pelo governador, a maioria delas era oftalmológica (catarata).
Pacientes esperavam por até dez anos o atendimento, segundo dados do governo. Enquanto isso, os pacientes enxergavam mal ou nem sequer conseguiam ver mais nada.
Caso de Valter de Souza, morador de Nova Andradina, que veio numa das edições da Caravana, em Campo Grande, distância de 240 quilômetros.
Há pelo menos um ano na fila de espera e há três anos enxergando apenas “vultos/’, Valter, 64 anos, foi submetido a cirurgia da catarata.
“Estou muito feliz com essa oportunidade. Se não fosse pela Caravana eu estaria aguardando na fila do SUS. Hoje, eu só vejo vultos”, disse ele, antes da operação, segundo publicação do Portal MS, que divulga as atividades do governo.
Valter retornou à sua cidade já curado da doença, que deixa a visão nublada, como olhar por uma janela embaçada que dificulta tarefas como ler ou dirigir.
Valter de Souza, antes da cirurgia, em Campo Grande (Foto: Assessoria do Governo)
FRUSTRAÇÃO
Depois, Reinaldo fez desabafo sobre as frustações. Inicialmente, a ideia da Caravana seria um meio de encurtar a fila de espera por atendimento em regiões sem hospitais ou unidades de saúde.
O projeto original do governo é o de ampliar, reformar ou construir hospitais nas cidades maiores situadas no interior do Estado. Feito isso, o plano da Caravana poderia ser desativado.
O programa “regionalização da saúde”, contudo, ainda não foi contemplado.
Resta ainda a ampliação de polos regionais, como o de Dourados e da cidade de Três Lagoas. Queda na receita estadual teria sido o motivo do retardamento na execução das obras. O governador crê que em seu segundo mandato, conclua o projeto.
Enquanto isso, segundo ele, segue a Caravana da Saúde:
“Lógico, que a gente não vive de Caravana. Foi um programa específico para tirar dor e sofrimento das pessoas. O que vale é a regionalização, mas enquanto tiver uma pessoa na fila aguardando por cirurgia, e eu for governador, vou continuar com a Caravana da Saúde porque é muito triste ver a pessoa aguardando 20 anos e o Estado não proporcionar cirurgia. A fila era enorme e agora diminuiu. Se andar nos 79 municípios, você vê o resultado”, disse Azambuja.