O vereador em Campo Grande, André Salineiro, do PSDB, acha que os guardas municipais que agiam na segurança da festa do Carnaval, promovida na Esplanada dos Ferroviários, deviam conter o vandalismo “descendo o cacete” no que ele chamou de “marginais”. Ele remeteu ainda um duro recado às pessoas que atuam em entidades ligadas aos direitos humanos.
A opinião de Salineiro foi dita durante uma parte da sessão da Câmara Municipal, desta quinta-feira (7), quando o vereador Valdir Gomes (PP) comentava os episódios violentos que ocorreram na última noite da festa popular, anteontem, terça-feira (5).
Imagem captada por um dos foliões mostraram jovens se agredindo e danificando bens públicos.
No discurso, Valdir Gomes, carnavalesco há pelo menos três décadas, não atacava as pessoas que brigaram ou depredaram os bens públicos, nem a promoção da festa, ou as pessoas que foram para a Esplanada.
Ele questionava a falta de segurança no local. “A cultura [Carnaval, no caso] tem de ser enaltecida e isso não ocorreu”, discurso o vereador.
Valdir Gomes afirmou ainda que a prefeitura da cidade devia ter contratado seguranças particulares para agir durante a festa. “Teve alguém preso?”, questionou ele.
No Carnaval deste ano, a segurança ficou sob a responsabilidade da Guarda Municipal. Policiais Militares atuaram em complementação na celebração que juntou, por dia, ao menos 40 mil pessoas, entre as quais crianças, adolescentes e adultos.
A briga e os ataques aos monumentos públicos ocorreram no fim da festa, por volta das 22h00.
O argumento de Gomes conquistou o apoio de vereadores que também comentaram o caso, como Eduardo Romero (Rede), delegado Wellington (PSDB), Eduardo Cury (Solidariedade) e Dharleng Campos, do PP. Os parlamentares não discordaram da realização do Carnaval e também criticaram a falta de segurança no evento.
Ponto fora da curva
Já Salineiro, em tom raivoso, ao conferenciar sobre a briga, disse que as famílias já não estariam aguentando mais o “politicamente correto”. Ele acrescentou ainda: “chega!”.
Pelo falado pelo vereador, noutra festa de Carnaval, os guardas municipais teriam de serem treinados para o “uso progressivo da força”. “Desça o cacete”, foi recado do vereador.
Salineiro seguiu com o discurso tempestuoso – ele disse que não estaria preocupado com as eventuais críticas dos “direitos humanos”, organização que já teria enviado protestos a ele, por escrito.
E quando isso acontece, afirmou o vereador, ele deixa [papel] no banheiro para ser usado “quando faltar papel higiênico”.
O vereador criticou também a pena aplicada a pessoas que pratica atos obscenos, como o de urinar na rua – multa mais seis meses de reclusão.
Para o vereador, quem urinar na rua não pode ser considerado cidadão e, sim, animais.
Outras declarações
Não é a primeira vez que o vereador, que é agente da Polícia Federal, incita a violência. Em março do ano passado, um ano atrás, Salineiro disse que era para “descer o cacete” num grupo de índios que haviam bloqueado uma rodovia por melhorias no setor da saúde.
Assista (tema surge por volta de 1h50min):