Escolhida para presidir o PSL Mulher, na semana passada, a senadora sul-mato-grossense (nascida em Dourados) Soraya Thronicke, em entrevista a Universa, plataforma do UOL, disse que o presidente Jair Bolsonaro é um “doce” e que no ano passado pagou um curso que durou cinco dias, em Harvard, universidade dos EUA, que custou R$ 36 mil, isto é uma média de R$ 7,2 mil por dia.
No diálogo com a reportagem de Universa, ela fala das diferenças que têm com as feministas e afirmou discordar da ideia que o ministério da Educação vá promover cortes em universidades.
Na entrevista, Soraya, ao ser questionada sobre o curso que havia feito nos EUA e que aparece em seu currículo político, o Women and Pouwer (Mulheres e Poder), afirmou primeiro que o estudo durou mais ou menos um mês, mas o prazo foi acertado depois pela assessoria da parlamentar.
Veja alguns trechos da conversa da senadora com a repórter Camila Brandalise, da Universa
Quais são as principais diferenças entre a senhora e as duas outras figuras femininas de destaque no PSL, Joice (deputada federal por São Paulo) e Janaina Paschoal (deputada estadual por São Paulo)?
As duas são mais famosas e têm mais seguidores nas redes sociais. Não me dediquei tanto a isso quanto elas. A Janaína teve um vídeo na época do impeachment divulgado nacionalmente. A Joice vive na mídia. Ganhei com o menor número de seguidores entre os candidatos que concorreram comigo para o Senado.
A senhora gosta de dizer que terá "uma pauta feminina, não feminista". O que isso quer dizer?
Nossa pauta é conservadora. Trazemos valores como proteção à vida, somos contra o aborto, contra as drogas, a favor da moral, do patriotismo e da família. Feministas têm pauta pró-aborto e outras posições, diferentes das nossas. Outra coisa é o respeito à língua: não aceito ser chamada de presidenta. Sou presidente. Também acredito que temos de nos unir, homens e mulheres; e feministas nunca elogiam ou agradecem a um homem. Eu sempre faço isso. Por isso digo que que nossas pautas são feminist... Perdão! Femininas.
Quando a senhora diz que pretende proteger valores como a família, entende por família o mesmo que o presidente Bolsonaro entende: homem, mulher e filho?
Não. E essa opinião não representa a mentalidade geral do partido. Família é onde tem amor. Até cachorro faz parte da família. Mãe solteira também, e digo isso sem pestanejar, assim como a família homossexual.
Diga, por favor, três projetos que a senhora tem para esse cargo
Vou trabalhar em parceria com o Indigo (Instituto de Inovação e Governança, criado pelo PSL) para capacitar mulheres para a política. Essa é a prioridade. Vamos organizar palestras de autoajuda nos 27 estados brasileiros e ensinar não só questões econômicas e políticas, mas também levantar a autoestima delas. Muitas não entram nesse meio porque acham que não conseguem. Queremos inspirá-las com nossos casos: 90% das mulheres do PSL estão no primeiro mandato. Queremos ter 40% de participação feminina no partido e ultrapassar a obrigatoriedade legal, que é de 30%. Haverá a luta na proteção da mulher, mas essa é uma bandeira óbvia. Quero fazer coisas diferentes. Violência doméstica, feminicídio, são pautas batidas, de todo dia.
A senhora defende cotas para mulheres na política, mas já afirmou que "cotas são coisas de país atrasado". Não vê incongruência?
Não. O certo seria que culturalmente as mulheres já se sentissem confiantes e com espaço favorável na política. Mas a lei que temos no país é essa, vamos respeitá-la. Tentaremos evoluir. Quem sabe um dia não precisemos dela
Que elogio faria a Jair Bolsonaro?
Diria que ele é uma pessoa doce. Na quinta-feira (30), participei de um café da manhã com ele e mais 69 mulheres do Congresso. Queríamos que elas o conhecessem como eu o conheço. Dizem que ele é misógino, mas quando faz algo bacana, ninguém fala nada. O presidente defendeu que mulheres se aposentem antes [62 seria a idade mínima para elas, e 65, para eles], mas nenhuma feminista o parabenizou pela sensibilidade. Elas defendem a igualdade mas, nesse caso, não reclamaram que o presidente foi desigual. Eu sou a favor de que a mulher se aposente antes do homem.
O governo anunciou um corte de verbas para o ensino superior, que pode trazer risco às pesquisas desenvolvidas nas universidades. A senhora, em sua campanha, disse que iria "incentivar pesquisas em todas as áreas e priorizar a qualidade do ensino de base". A decisão do governo vai de encontro à sua proposta. Tomou alguma atitude?
Fui procurar o ministro da Educação [Abraham Weintraub] para falar sobre isso, e ele disse que ninguém vai deixar de pagar suas contas e que está chamando os reitores que estão com problemas para conversar. Weintraub tem descoberto que há universidades gerindo mal o dinheiro. Então é um bom momento para organizar os gastos. O que queremos é transparência. Quem passar necessidade é só procurar o MEC.
Em seu currículo, consta que a senhora "cursou a Escola de Governo da Universidade de Harvard J F. Kennedy, nos Estados Unidos da América". Que curso é esse?
Fiz um curso chamando Women and Power, ou mulheres e poder, em abril de 2018. Durou um mês mais ou menos. Eram 72 mulheres de 17 países. [A senadora pede para encerrar a entrevista e, depois, sua assessora de imprensa informa que o curso durou cinco dias e custou R$ 36 mil de inscrição].
A senhora foi responsável pela decoração dos quartos dos motéis de propriedade de sua família, no Mato Grosso do Sul, em 2015. De onde veio a inspiração?
Foi uma questão de criatividade. Tenho esse dom para a decoração. Me inspirei em quartos de motéis pelo mundo. Queria deixá-los elegantes.