Passado pelo crivo da Câmara Federal, a votação que retirou do Coaf (Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Justiça, por meio da Medida Provisória 870, agora a proposta segue para o Senado, que transfere as atividades financeiras para o Ministério da Economia. Ao menos na intepretação da senadora sul-mato-grossense Simone Tebet (MDB), que preside a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa, o Senado deve derrubar a votação dos deputados federais, ou seja, manter a comando do Coaf sob o domínio de Moro.
Na sessão de ontem (quarta, 22), na Câmara dos Deputados, 228 parlamentares votaram pela retirada do Coaf da pasta de Sérgio Moro; 210, votaram pela permanência do Controle de Atividades Financeiras sob a liderança do ministro da Justiça.
Por 18 votos, a proposta do presidente do Jair Bolsonaro, caiu – três deputados sul-mato-grossenses ajudaram a tirar o Coaf de Moro (Bia Cavassa, Beto Pereira, ambos do PSDB e Vander Loubet, do PT).
A senadora Simone disse, na manhã desta quinta-feira (23), em seu gabinete, ao TopMidiaNews, já ter votado antes pela manutenção do Coaf no ministério da Justiça.
Ela afirmou ter conversado com Moro sobre o assunto por duas ocasiões e, em ambas, foi convencida de que o Coaf fique no Ministério da Justiça.
Simone afirmou que o Senado vai tentar reverter o resultado que frustra as intenções de Moro. “Vamos insistir, o momento é importante [Coaf na Justiça], até pelo trabalho que tem feito”.
A senadora explicou que, mesmo que o Senado reprove a mudança, a proposta retorna à Câmara dos Deputados, que define a questão. Ou seja, se repetir o resultado da votação de quarta-feira, a MP 870 segue para a sanção do presidente Bolsonaro.
Havia a possibilidade de o Senado votar ainda nesta quinta-feira (23), mas ao menos até o início da tarde foi definido que o assunto não seria mais tratado nesta semana. Então, a ideia vai à votação na próxima sessão, terça-feira (28). O Congresso Nacional tem até o dia 3 de junho, 11 dias para definir a questão da MP 870. Se isso não ocorrer, a Coaf retorna automaticamente para o ministério Economia.
Hoje, o Coaf, sempre que nota movimentações financeiras suspeitas, manda o caso para o Ministério Público e Polícia Federal, que investigam crimes ligados à corrupção. Quase toda a operação Lava Jato, que mandou para a cadeia dezenas de políticos, foi sustentada por informações fornecidas pelo Coaf.