Fiador da reforma da Previdência no Congresso Nacional, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia(DEM-RJ), abriu a residência oficial na manhã deste sábado (6) para articular a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) no plenário da Casa. Ao final do encontro, Maia afirmou que espera aprovação da reforma na Câmara com uma "boa margem" de votos.
Para ser aprovada no plenário da Câmara, a PEC da Previdência precisa obter, no mínimo, 308 votos, em dois turnos de votação, número correspondente a 60% dos 513 parlamentares da Casa.
"Nós temos que ter a tese de que o importante é ganhar. Então, nós vamos ganhar, com uma boa margem para uma matéria que, até um ano atrás, era muito difícil você chegar neste momento com uma perspectiva de vitória. Então, eu acho que esse ambiente é que é o mais importante, que é um ambiente de compreensão do parlamento”, declarou o presidente da Câmara em uma entrevista coletiva concedida no portão de entrada da residência oficial após a reunião com os líderes.
Embora tenha sinalizado otimismo com uma vitória com folga, Maia evitou dar uma estimativa de votos.
"Ficar falando de número não é bom. A gente tem a nossa conta, a gente tem a nossa projeção, outras projeções estão sendo feitas, a própria imprensa está fazendo", enfatizou.
Rodrigo Maia quer que o relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) – aprovado pela comissão especial na última quinta (4) – comece a ser analisado em primeiro turno a partir desta terça-feira (9).
Ele acredita que há chance de, já na próxima semana, aprovar a PEC na Câmara em dois turnos. "É o objetivo de todos os deputados e deputadas que defendem a reforma", afirmou Maia.
As negociações para pavimentar a votação no plenário vão se estender ao longo do fim de semana e da segunda-feira (8). Neste domingo (7), Maia deve receber o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para alinhar o calendário de votação. Na segunda-feira, ele voltará a conversar com líderes.
Articulador da PEC
Diante das dificuldades de articulação do Palácio do Planalto com o Congresso, o próprio Maia assumiu a condução política da reforma para tentar garantir a votação em primeiro turno antes do início do recesso parlamentar, no dia 18.
Para aprovar o parecer do deputado tucano na comissão especial, o presidente da Câmara teve que construir um acordo com o Centrão, o bloco de centro-direita que acaba conduzindo os rumos das votações com os mais de 200 votos que as legendas que o integram somam na Casa. Entre as concessões feitas ao bloco, estão a retirada de estados e municípios da proposta de reforma nas regras de aposentadoria.
O líder do PP na Câmara, Arthur Lira (PB), foi o primeiro a chegar à reunião na casa de Maia, por volta das 9h30. O parlamentar paraibano é um dos principais articuladores políticos do Centrão.
Novo articulador político do Palácio do Planalto, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, compareceu à residência oficial de Maia para a reunião com os líderes partidários.
General da reserva e amigo do presidente Jair Bolsonaro, Ramos assumirá a interlocução com o parlamento, ocupando a função exercida até então pelo chefe da Casa Civil. Onyx Lorenzoni acumulou uma série de derrotas no Legislativo nos primeiros meses de governo.