A recompensa de R$ 100 mil por informações sobre aliados de Adelio Bispo, que esfaqueou o presidente Jair Bolsonaro, vem movimentando as discussões nos corredores políticos. Em Campo Grande, os vereadores não pouparam críticas ao deputado federal Loester Trutis (PSL), que iniciou a campanha.
Líder do prefeito na Câmara Municipal, o vereador Chiquinho Teles (PSD) desaprovou a atitude e falou abertamente que o parlamentar ‘não desce do palanque’.
“Campo Grande tem tantos problemas, pautas mais importantes, inclusive de segurança pública, que ele [Trutis] poderia se preocupar e convocar os 513 [aprovados em concurso] abrindo emenda coletiva para fortalecer a segurança no país”.
Telles afirma que o deputado devia se preocupar em trazer emendas para Mato Grosso do Sul, auxiliando em obras e segurança da sua cidade. “O que atrapalha a administração do presidente é o eterno palanque eleitoral”.
Cada um no seu quadrado
Sobre o ponto de vista da segurança pública, o vereador Wellington (PSDB), que já se envolveu em outras discussões com Trutis, afirmou que a primeira coisa, a saber, é de onde vem o dinheiro da recompensa.
O delegado defende as investigações e a credibilidade da Polícia Federal. “Se a PF ainda não tem ou não divulgou elementos, isso não é problema do deputado, ele tem que estar preocupado em melhorar as condições do país, fazendo leis, melhorando a tecnologia, sistemas de investigações”.
O parlamentar concordou com Telles no quesito ‘cada um no seu quadrado’ e funções pertinentes. “Ele não está autorizado a fazer uma situação dessas porque, inclusive, pode estar prejudicando as investigações. A gente não pode ficar criando mecanismos mentirosos para mostrar ser mais importante que a própria lei”.
Crime
A recompensa em si não é crime no Brasil e está prevista na legislação civil. A origem do dinheiro é a grande questão que deve ser analisada.
Para o vereador Wellington, se a questão fosse séria, a própria PF teria sido porta-voz da recompensa. Ele diz que existe o estado democrático de direito e deve-se ter respeito pelas instituições de segurança.
Ato teatral
Em cima do muro e desconfiado, Junior Longo (PSB) disse que viu o vídeo e está indeciso sobre até onde a recompensa anunciada pode ajudar na investigação.
“Não estou dizendo que é, mas, às vezes, parece um teatro [a recompensa]. Não é porque é sobre o Bolsonaro, existem coisas que chamam atenção e precisam ser investigadas”, comentou.
Longo, assim como Wellington, acredita na Polícia Federal independente de qualquer recompensa.