Dezenas de professores lotaram ao Plenário da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (27), para protestar pelo direito da Liberdade Cátedra em sala de aula. Semana passada, dez deputados votaram a favor de um requerimento contra uma professora da Escola Estadual Joaquim Murtinho, por dizer que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) era político de extrema-direita.
A categoria entendeu como perseguição e riscos contra a profissão do educador. Os professores protestaram em voz alta e levantam coro com a frase: "Fora Tavares". Rafael Tavares (PRTB) é conhecido por orientar alunos a filmar professores em MS.
Durante o protesto, alguns deputados ficaram com dor de cotovelo e pediram respeito dos professores. No Twitter, Tavares afirmou que não tinha medo da mobilização dos sindicatos.
"A gente precisa ser respeitado nesse Plenário. Nós respeitamos todos os seguimentos e não podemos ter o nosso direito cerceado", disse o deputado Lídio Lopes (Patriota) após manifestos em voz alta dos professores.
O deputado Pedro Kemp defendeu. "Manifestações como essa sempre aconteceram aqui na Assembleia. Essa Casa, a meu ver, faltou com respeito a essa categoria quando votou a favor de um requerimento contra uma professora que estava sendo perseguida por um deputado."
Mais uma vez, o petista ponderou que a professora não errou. "A professora tem o seu direito de exercer a sua profissão, a liberdade cátedra foi desrespeitada. Então, é legitimo a manifestação dos professores que dão apoio a sua colega para ter direito de trabalhar, sem ser perseguida, sem ser filmada por fazer o seu trabalho em sala de aula."
Uma das professoras disse que vários parlamentares foram contra a categoria. "Não podemos esquecer que estamos aqui contra a lei da mordaça que estão tentando impor tanto nas escolas, quanto em todos os espaços. Estamos aqui pela democracia acima de tudo. Os inomináveis não passarão e não vencerão", disse uma professora.
Requerimento contra a professora
Essa professora em questão, apenas disse em sala de aula que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um político de extrema-direita. Os pais denunciaram ao deputado bolsonarista Tavares e este entendeu que ela cometeu doutrinação ideológica. Nisso, ele apresentou requerimento de investigação contra a educadora e teve a maioria dos parlamentares favoráveis.
Foram dez votos favoráveis e apenas os deputados do PT, Pedro Kemp e Gleice Jane foram contra. Os petistas defenderam o direito da professora, informaram que ela não havia falado nada de equivocado, já que o próprio ex-presidente se apresentou em muitas ocasiões como sendo de extrema-direta. Porém, foram vencidos pelo entendimento da maioria dos deputados de ideologia conservadora.
Após o aval da Assembleia e aprovação de documento contra a professora, os profissionais do magistério se reuniram para manifestação a favor da Liberdade de Cátedra, um direito dos professores.
Vídeo:
Professores protestam por liberdade em sala e reclamam de perseguição em coro: Fora Tavares! pic.twitter.com/PYapIU9byn
— TopMídia News (@topmidianews) June 27, 2023
Liberdade Cátedra
A ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública) convocou os trabalhadores em educação, em especial os profissionais do magistério, sindicatos e sociedade civil organizada para participarem da manifestação a favor do Direito à Liberdade de Cátedra.
A Liberdade de Cátedra garante que o espaço da sala de aula, em qualquer nível de escolaridade, seja um local fértil para se debater todo e qualquer tipo de assunto de maneira crítica. O direito é garantido pela Constituição Federal de 1988, onde há afirmativa que o ensino será ministrado com base na liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, no pluralismo de ideias e concepções pedagógicas.
Segundo a ACP, "na sala de aula a liberdade de pensamento é livre, portanto, não pode ser censurada, seja pelo plano pedagógico ou preconceito por parte de qualquer cidadão do ambiente escolar, ou fora dele".
O sindicato afirmou ainda que os professores sofrem constantes ataques por parte de grupos que não sabem e não conhecem a realidade da sala de aula.
"Nosso sindicato continuará vigilante no sentido de não esmorecer e continuar a luta permanente pela garantia do trabalho em sala de aula dos profissionais da educação pública de Campo Grande e de todo
Mato Grosso do Sul".