Na iminência de assumir a Prefeitura de Campo Grande nos próximos dias, Adriane Lopes deve se tornar a segunda mulher prefeita de uma Capital no Brasil. Ela é natural de Grandes Rios, interior do Paraná, mas veio para Campo Grande aos 9 anos com o pai, que prestava serviço na construção do primeiro shopping da cidade. Vendeu sorvetes de porta em porta para pagar os estudos na faculdade de Direito. Advogou, trabalhou na Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário, desenvolveu projetos sociais ao lado do marido, deputado estadual Lidio Lopes, tem dois filhos, e está vice-prefeita pela segunda vez na capital.
A vice-prefeita esteve no Papo Reto ainda neste mês, e já contou um pouco dos planos para Campo Grande. Agora, veja mais o que a possível próxima prefeita quer para a cidade.
Passou pela sua cabeça um dia chegar a este posto, de prefeita de uma Capital?
Outro dia encontrei um diário de quando eu era jovem e vendia sorvetes de porta em porta. Nesta época eu ficava triste quando me deparava com a vulnerabilidade social nos lugares que ia. E nesse diário estava escrito: um dia eu ainda vou ajudar muitas pessoas. Sempre fui sonhadora, mas comecei cedo a lutar pelos meus sonhos. Me preparei e as oportunidades foram surgindo. Agora estou perto de realizar um sonho, servir as pessoas e poder de fato provocar transformação social.
Você teve medo? O que significa este desafio pra você?
A fé é o oposto do medo. Sempre fui muito corajosa e aceitei os desafios que a vida me impôs com muito respeito. Ser prefeito de uma cidade, ainda mais de uma capital, com certeza é um grande passo na vida profissional de qualquer pessoa. Mas desde o inicio da gestão, em 2017, venho acompanhando planejamento e execução em todas as secretarias. O prefeito Marquinhos Trad sempre acreditou na minha capacidade de gestão e me deu espaço para colaborar com as pastas, então, para esse próximo possível passo, eu me sinto segura e preparada.
Quando você se recorda da Adriane lá da infância, da menina, ainda cheia de sonhos. O que você traz dela para este momento?
Eu nasci numa cidade pequena no interior do Paraná com família grande e vários primos. Em época de férias era uma festa. Meus avós sempre foram muito presentes e eu me sentia muito amada por eles. Tanto meu avô materno e paterno eram homens comunicativos e se davam bem com todos, eram politizados. O vô Garcia me deixou um conselho que guardei comigo: leia muito, pois quem não lê será comandado por quem lê. Foi aí que adquiri o habito da leitura e passei a estudar muito e continuo estudando até hoje.
O que você acha que a sua experiência de vida pode contribuir na administração de Campo Grande?
Desde muito cedo eu tive que batalhar para ter oportunidades e me desenvolver. Eu decidi ainda na adolescência que queria um futuro diferente daquele que a minha situação econômica me colocava. Eu queria estudar, acreditava que poderia fazer a diferença na vida das pessoas e encontrei nos projetos sociais uma oportunidade de começar. Tem uma frase que uso muito: faça o que você pode, com o que você tem nas mãos, no lugar onde você está.
Então me tornei uma pessoa resiliente, que sonha alto, que vai em busca e que não desiste fácil. Isso no campo profissional é excelente.
(Marquinhos e Adriane durante evento público / foto: Silas Lima)
O que você aprendeu nesta experiência de cinco anos como vice que poderá colocar em prática na sua gestão?
Costumo comparar a uma formação acadêmica que, em media, dura 4 anos. Estou vice-prefeita há 5 anos, vivendo na prática o que é gerir uma capital. Todos os dias aprendo com o Marquinhos, atuando lado a lado. Acredito que essa prática, aliada a minha formação acadêmica em Direito, Gestão Pública e Gerência de Cidades e Políticas Publica me baliza em decisões mais assertivas.
O que pretende realizar até o final do mandato?
Nós temos um plano de governo que será seguido até o final do mandato. Ele é o nosso compromisso com a população que nos reelegeu. Acompanhei o planejamento deste plano e acompanho mensalmente a execução de cada ação das secretarias. Muitas metas já foram concluídas e já estamos planejando novas ações que serão incluídas.
Você acha que esta sua chegada ao posto de prefeita abre espaço para mais mulheres na política?
Sim. Quando uma mulher se posiciona na sociedade, independente do seguimento que atua, ela tem o poder de influenciar outras mulheres positivamente e inspirar para que se levantem em seus lugares de poder.
O que o campo-grandense pode esperar da primeira mulher prefeita de Campo Grande?
Uma gestão próxima as pessoas. Sensibilidade, dinamismo, entrega, dedicação e muito comprometimento com o desenvolvimento da cidade.