De Mato Grosso do Sul, deputados e lideranças políticas já indicam que o presidente Jair Bolsonaro cometeu um erro grave ao fazer o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Até agora, ao menos dez partidos políticos emitiram notas a favor da democracia e contra o pedido de afastamento. Entre eles, o PDT, que tem o deputado Dagoberto Nogueira como representante em Mato Grosso do Sul, além do Partido dos Trabalhadores, representado pelo deputado Vander Loubet, o PSB, PC do B, Cidadania, PV e Rede.
Ruptura política
Para o deputado Fábio Trad (PSD), a situação é preocupante e há possibilidade de ruptura política. Trad alerta para que os partidos se unam em favor da democracia.
"Ao contrário do que acham FHC e Jungmann, não estou entre os que descartam a possibilidade de Bolsonaro estar ensaiando uma ruptura contra a ordem constitucional. Tem algo estranho no ar. Os democratas devem se unir agora. Esqueçam 2022 e todos de mãos dadas pela Democracia. Já!"
Crime de responsabilidade
O ex-ministro Carlos Marun (MDB) afirma que o presidente está cometendo crime de responsabilidade. "O presidente não precisa ser professor de direito, mas precisa estar cercado de gente que entenda da Constituição e ouvir essas pessoas. Há pessoas no entorno do presidente que conhecem o tema, mas não estão conseguindo convencê-lo. O presidente é refém da base radical, e essa base não entende nada de direito constitucional", disse o ex-ministro.
Cortina de fumaça
Na mesma linha critica, o presidenciável e ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, diz que a estratégia de Bolsonaro é para prejudicar Moraes, que será presidente do STF em 2022.
“Alexandre de Moraes será presidente do TSE em 2022. Bolsonaro tenta descredibilizar antecipadamente o sistema eleitoral e criar cortina de fumaça para o desastre de seu governo, que promove fome, inflação e morte. Pode colar nos segmentos mais lobotomizados de sua base. Aqui, não”.
Tiro pela culatra
Ainda antes do pedido de Bolsonaro ser efetivado, a senadora Simone Tebet (MDB) reagiu à ameaça dizendo que a mesma coisa pode ocorrer com Bolsonaro.
"Presidente vai mesmo pedir ao Senado o impeachment de ministros do STF? Quem pede pra bater no “Chico”, que mora no Inciso II, artigo 52, da CF, se esquece de que o “Francisco” habita o Inciso I, do mesmo endereço."
Na última sexta-feira (20), o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, já disse não ver base para avançar com o caso.