O presidente municipal do PTN em Maracaju, pastor Jairo Fernandes, confirmou que foi em seu celular que o deputado Felipe Orro (PSDB) ligou para o deputado Paulo Corrêa (PR), quando conversaram sobre a utilização de uma folha de ponto fictícia. O pastor também confirmou que vazou a gravação e fez a denúncia no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). “Eu fiz minha parte como cidadão. Eu fiz a denúncia. O celular era meu mesmo”, disse.
Residente em Maracaju, o pastor Jairo Fernandes negou que tenha tentado chantagear Felipe Orro. Jairo afirmou que está assustado com o tamanho da repercussão que o caso está tendo e que quinta-feira (3) estará em Campo Grande para se reunir com o seu advogado sobre o assunto.
Orro afirmou que usou o celular de Jairo no inicio de 2015 e que a conversa foi gravada por um aplicativo. O parlamentar afirmou também que foi chantageado pelo pastor.
O presidente do diretório estadual do PTN em Mato Grosso do Sul, Cláudio Sertão, afirmou desconhecer as atitudes do Pastor Jairo Fernandes. "O diretório estadual não compactua com esse tipo de atitude", afirmou Sertão.
O PTN lançou, nas eleições municipais de 2016, candidatura própria em Campo Grande, tendo como candidato Aroldo Figueiró (PTN) e elegeu uma vereadora, a enfermeira Cida. No segundo turno, PTN declarou apoio e fez campanha ao prefeito eleito Marcos Marcello Trad (PSD).
Paulo afirma que recebeu algumas informações de que existia a gravação e tinha o conhecimento de que o dono queria vender a fita, mas garante que não cedeu e por isso o áudio foi divulgado. "Eu não sei quem foi, mas recebi notícias de que existia uma fita e que a pessoa que tinha queria me vender, mas eu, em todos esses anos de parlamento, nunca cedi a esse tipo de coisa e não é agora que vou ceder. Eu fui acusado de tudo quanto é lado e agora vou acionar a autoridade competente".
A conversa
Interceptação telefônica nos telefones da Assembleia Legislativa mostra o deputado estadual Paulo Corrêa orientando Felipe Orro sobre como burlar o controle de frequência dos servidores comissionados lotados no gabinete. “O que temos mais do que os outros? Coloca um controle de ponto. Mesmo que seja fictício. Pega seu chefe de gabinete e manda agir. Todo o dia as pessoas têm que assinar o ponto até que passa esse rolo ai”, disse Paulo Corrêa.
Durante a conversa, Paulo Corrêa se demonstra preocupado com uma série de reportagens sendo realizadas pelas Assembleias Legislativas de todo o Brasil sobre supostos funcionários fantasmas. “Presta atenção. Não tem ninguém do seu lado? Vou falar com calma para você. Você está sabendo o que está sendo feito? Estão entrando nas Assembleias do Brasil inteiro. Onde ela pega você. Você e eu temos bastante. Você sabe o que eu e você temos mais do que os outros”, destacou Corrêa.
O parlamentar continua e orienta Felipe Orro a fazer uma folha com o controle de frequência de todos os servidores, incluindo os comissionados que ficam nas cidades onde os parlamentares possuem base eleitoral. “Coloca um controle de ponto. Mesmo que seja fictício. Pega seu chefe de gabinete e manda agir. Todo o dia as pessoas têm que assinar o ponto até passar esse rolo ai”, afirmou.
Paulo Corrêa ainda acusa o primeiro secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, Zé Teixeira (DEM) de estar espalhando informações sobre os servidores da Casa de Leis. “Quem está falando mais que a boca é o Zé Teixeira. Eu não posso acusar ainda porque não tenho prova. Mas Desde o início ele diz que a gente tem mais do que precisa. É uma conquista nossa”, disse.
Corrêa volta a pedir para Felipe Orro tomar cuidado com a frequência de seus comissionados. “Agora temos que tomar muito cuidado. Onde está o seu rabo? Está ai. Pega desde o dia 15 de fevereiro e manda todo mundo assinar. Vamos dizer que você tem vinte da cota normal e tem mais vinte. Faz os 40 assinar. Assina o ponto. Deixa sempre no dia anterior assiando. Quando pedirem ‘Cade o controle de ponto’. Você apresenta e diz que estão na base, mas a frequência esta aqui”, orienta Paulo Corrêa.
Confira o áudio:
Matéria alterada as 18h03 para correção de informações. Erroneamente a matéria havia informado que o pastor Jairo Fernandes era o presidente estadual do PTN, quando é presidente municipal da sigla em Maracaju. As informações foram devidamente corrigidas.