Deputado estadual desde 1995, período de 23 anos, José Roberto Teixeira, 78, o Zé Teixeira (DEM), preso pelo Polícia Federal nesta segunda-feira (12), por emissão de notas frias em venda de gado, deve ficar encarcerado até domingo, período de validade do mandado de prisão temporária emitido contra ele.
Próximos do parlamentar disseram que, mesmo assim, os cabos eleitorais que trabalham para o candidato do DEM não modificaram o expediente e “atuam normalmente, de manhã e à tarde”, em busca do sétimo mandato do político.
Zé Teixeira chefia a primeira secretaria da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, ou seja, é dele a missão de comandar as finanças do legislativo, algo em torno de R$ 25 milhões mensais.
O deputado foi preso por determinação do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Em trecho que o nome dele é citado na decisão, é dito que o deputado é pecuarista e “aparece envolvido com a missão de notas fiscais falsas, utilizadas pela JBS para dissimulação do pagamento de propina, no ano de 2016, juntamente com diversos outros pecuaristas e a empresa agropecuária Duas Irmãs”.
Logo depois de sua prisão, Carlos Marques, advogado que defende o parlamentar, criticou o mandado de prisão: “fazer uma prisão temporária, sem absoluta necessidade de um deputado estadual por um fato antigo não é razoável. É uma medida midiática, mais uma vez, feita pelo Poder Judiciário”.
Pela decisão, o mandado de prisão de Zé Teixeira expira no domingo, mas o MPF (Ministério Público Federal) pode pedir mais prazo, daí é o STJ é quem define a questão.
RICO
O octogenário deputado é um homem rico. Há décadas ele aparece como forte negociante de gado. Ele é dono de fazendas que possui em Caarapó, Amambai, Juti e Porto Murtinho.
O parlamentar já disse na Assembleia, por meio de discurso, ser um bom pagador de imposto e que é honesto. Quando denunciado pela suposta emissão de notas frias, ano passado, ele reagiu: “nunca recebi dinheiro de ninguém”.
Na campanha pela reeleição, o deputado contratou cabos eleitorais que atuam principalmente na região de Dourados, onde ele mora. Funcionário dele, que não quis ver o nome publicado neste material, afirmou que "tudo segue normal" enquanto Zé Teixeira for mantido preso.
Ele não quis revelar o número de cabos eleitorais contratados pelo parlamentar, mas fez um sinal de positivo quando indagado se seria ao menos uma centena.
Zé Teixeira foi preso num hotel situado na parte central de Campo Grande. Um motorista também foi detido, mas por outro motivo, andava armada sem ter porte de arma.