Atacado por ex-aliados, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta se irritou com as últimas declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes. O braço direto do presidente Jair Bolsonaro disse que a compra de vacinas contra a covid-19 está atrasada "desde abril".
"Desonesto, mentiroso [...] É inacreditável que o homem responsável pela economia do país esteja criando uma narrativa mentirosa para disfarçar a própria incompetência, dele e do governo do qual faz parte", afirmou Mandetta à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Guedes disse à CNN Brasil que "a entrega da vacina não está atrasada só agora, não. No primeiro dia, Mandetta saiu com R$ 5 bilhões no bolso. É desde aquela época que deveríamos estar comprando vacina, não é mesmo? O dinheiro estava lá".
Acontece que, à época, nenhuma vacina tinha sido aprovada ainda e os R$ 5 bilhões em questão foram destinados à compra de 15 mil leitos de CTI (Centro de Terapia Intensiva) e equipamentos de proteção individual, como máscaras, e testes "que o governo não usou e deixou vencer".
Mandett enfatiza que saiu da gestão uma quinzena antes do anúncio dos testes da vacina em humanos. "Em 16 de abril, eles me exoneraram, não me deixaram trabalhar porque o meu caminho sempre foi pela ciência. [...] Em agosto, quatro meses depois da minha saída, surgiram as primeiras propostas de laboratórios que estavam desenvolvendo vacinas e que queriam vendê-las ao Brasil".
"A incompetência e o negacionismo, aos quais Paulo Guedes sempre fez coro, dizendo que a economia era o mais importante, nos levaram a essa situação, em que faltam imunizantes", diz. "Essa política está condenando pessoas à morte e empresas à falência, por responsabilidade dele e do governo", finaliza Mandetta.