A ministra Tereza Cristina (DEM) será candidata ao Senado e apoiará a candidatura de Eduardo Riedel (PSDB) ao governo e a reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022. Já outro integrante nacional do DEM, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, se despede do domicilio eleitoral em MS e caso não consiga ser candidato a presidente será candidato a um cargo federal (deputado ou senador) no Rio de Janeiro. Esse é o destino do DEM em MS, que daqui a algumas semanas juntará forças com o PSL e se transforma no União Brasil.
O partido deu protagonismo inédito a políticos de MS emplacando dois ministros no início do governo Jair Bolsonaro.
Reunião realizada a portas fechadas no final de semana passado teria ratificado o combinado para as eleições do ano que vem com revelações que podem trazer aliados e afastar outros.
Bolsonaro quer Tereza no Senado ao lado de Soraya. Porém, comando do novo partido ainda será alvo de disputa (Reprodução/Redes Sociais Soraya Thronicke)
De acordo com presentes na reunião, realizada com cardeais do DEM e representantes dos tucanos estaduais, o combinado será manter a aliança de 2014 e 2018 que elegeu Reinaldo Azambuja ao governo do Estado. A ministra teria o controle da nova sigla partidária União Brasil, ao contrário do que foi divulgado nos últimos dias, e em contrapartida teria apoio total para sua candidatura ao Senado.
Dois parlamentares do DEM e dirigentes do PSDB confirmaram, sem se identificar, que o comando atual do PSL, do deputado federal Luciano Bivar, tem muita simpatia com o governador Reinaldo Azambuja e estaria bancando a união local do PUB e PSDB.
Na nova composição a partir da fusão do PSL com o DEM teria uma pequena dança das cadeiras, com a mudança de partido de alguns deputados: Barbosinha e Zé Teixeira, deputados estaduais, iriam para o PSDB; Rose Modesto, deputada federal, sai do PSDB, mas, não se filia ao União Brasil, de acordo com testemunhas da reunião dos caciques.
“Ela provavelmente seguirá para o Podemos, onde já tem influência, ou ao PP, por conta de sua proximidade com o Arthur Lira (presidente da Câmara Federal)”, cita um tucano.
O acordo de Tereza com Riedel e sua possível influência no novo partido União Brasil conflita com o divulgado pela senadora Soraya Thronicke de que ela seria a principal dirigente do partido em MS e que Rose Modesto se filiaria e seria candidata ao governo.
“Isso não procede, o União Brasil fica com a Tereza Cristina”, avalia interlocutor da ministra.
Aliados de longa data, inclusive em questões do agro, Tereza deve apoiar Riedel ao governo e concorrer ao Senado (Reprodução/Facebook)
Tereza deve deixar o Ministério da Agricultura até abril de 2022 para ser candidata. No último mês ela passou a ter mais agendas em MS e convocar mais prefeitos a seu gabinete. Além disso, tem de cuidar do pepino em cima do agronegócio relacionado à Conferência do Clima; China não comprando carnes brasileiras e a posição de pária ambiental do País.
Estrelas democratas
Ministros do governo Bolsonaro com projeção nacional, Tereza Cristina e Luiz Henrique Mandetta (que foi demitido do Ministério da Saúde no início da pandemia após desavenças com o presidente), ficarão no União Brasil. Mandetta, contudo, não deve ter atuação em MS. Apesar de continuar no novo partido após a fusão, ele almeja candidatura a nível nacional ou no Rio de Janeiro. Apenas em janeiro do ano que vem, caso seus planos não se concretizem, ele diz que avaliará o cenário político em MS.
“Vamos lutar primeiro para resolver o Brasil. Fim do ano as coisas estarão mais claras”, revelou.
Tereza e Riedel esperam contar com o apoio do agronegócio para alavancar a aliança e na vontade do segmento em ampliar a bancada federal. Há anos o MS elege apenas figuras focadas no agronegócio no Senado. Até mesmo o ex-petista Delcídio do Amaral andava com o agro pelo Estado.
O deputado federal e presidente do PSL Luciano Bivar não quis comentar sobre quem ficará no comando do partido em MS. A ministra Tereza Cristina também não quis falar sobre seus planos durante reunião com seus correlegionários do DEM, no sábado: “Estamos construindo, construindo...”, refletiu.
A deputada Rose Modesto, procurada por telefone, whatsapp, ligação de telefone pelo whatsapp, por e-mail e, por fim, via assessoria, não quis comentar as informações.
A senadora Soraya Thronicke informou que o União Brasil “tem nomes fortes que podem concorrer ao Senado Federal” e cita o nome de Tereza Cristina como um deles: “sabemos a importância da ministra Tereza Cristina no cenário político do Estado. A costura política está no início e entendemos que uma candidatura desse porte depende de alguns fatores que serão analisados com cautela”, explica.
Senadora Soraya Thronicke defende candidatura própria do União Brasil ( Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Para Soraya, que almeja o comando do União Brasil em MS e já se anuncia como a possível dirigente-mor do partido, o apoio a Eduardo Riedel não será possível. “O União Brasil prospecta uma candidatura majoritária presidencial a nível federal, nos estados o partido também defende o protagonismo eleitoral. No Mato Grosso do Sul não será diferente”, revela a senadora, que foi eleita pelo PSL, mas não pretende seguir Jair Bolsonaro a qualquer partido que ele vá, como outros integrantes da bancada do PSL, como os deputados federais Trutis, Dr. Ovando e os estaduais Coronel Davi e Capitão Contar.
Sobre a definição com o DEM sobre quem ocupará os cargos de dirigente do União Brasil, Soraya disse que as conversas estão sendo tomadas a nível nacional, com Bivar e caciques do DEM. “Como presidente do PSL/MS, já estou conversando com as lideranças de ambas as siglas para que possamos organizar certas questões e levar aos demais membros proposições e cenários bem traçados”, finaliza.