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Política

07/09/2016 07:00

Maioria dos eleitores e minoria na disputa, mulheres dão show de diversidade na Capital

Candidatas representam diversos segmentos da sociedade e lutam para aumentar a participação das mulheres na política

Em Campo Grande, 53,77% do eleitorado é composto por mulheres de um total de 595.174 pessoas em idade para votar, de acordo com levantamento do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral). Mesmo assim, das 29 vagas de vereadores, apenas três mulheres possuem cadeira cativa na atual legislatura.

O cenário local se repete em todas as esferas do poder, mas apesar dos obstáculos, a presença de candidatas mulheres não passa despercebida durante a propaganda eleitoral gratuita. Paratleta, transexual, ex-BBB, policial, vereadora, cada uma das candidatas possui uma particularidade e um objetivo em comum, aumentar a representatividade das mulheres na Câmara Municipal.

Entre as postulantes para o cargo está a paratleta Adriana da Silva Rolon, 33 anos. Jogadora de bocha adaptado desde 2009, ela conta os desafios de praticar o esporte em uma cadeira de rodas. “Não tem apoio, não tem incentivo, não tem patrocínio. Aqui em Campo Grande e em Mato Grosso do Sul, a gente tem que ir na raça”, revela.

Adriana vai concorrer pelo Partido Progressista após um pedido do prefeito Alcides Bernal (PP). “Eu fui convidada pelo prefeito em agosto do ano passado. Eu não aceitei de início, pensei um pouco, mas resolvi aceitar em fevereiro desse ano por conta da minha classe, cadeirante, paratleta, pela minha necessidade, pelos desafios que eu passo”, explica.

Fazendo campanha enquanto concilia com a participação em eventos esportivos, a pepista fala dos desafios das mulheres na política. “Isso também é uma das coisas que me motivou porque somos a maioria da população e somos a minoria no Legislativo. Queremos mudar essa realidade porque a mulher é capaz sim, ela tem como fazer as coisas sim e muitas vezes o homem não reconhece isso”.

LGBT

Candidata pelo PDT, a advogada Amanda Anderson de Souza, 35 anos, é a primeira transexual a conquistar o direito de usar o nome social em Mato Grosso do Sul. Isso significa que ela não precisa assinar o nome do gênero masculino presente em sua certidão de nascimento, nem mesmo para o registro da candidatura no TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral).

Amanda conta que começou a atuar nos movimentos sociais em 1999, após sofrer diversas humilhações quando estudava o curso de secretariado executivo bilíngue. Depois se juntou ao movimento estudantil em 2003 e foi a primeira transexual a se graduar no curso de direito no Estado, sempre trabalhando nas causas do transfeminismo - corrente do feminismo voltada especialmente às questões da transgeneridade – e de combate ao machismo.

“Eu ouvi que não merecia graduação e sim, no máximo, um ponto de prostituição. Isso me encorajou a lutar neste sentido. Resolvi entrar de cabeça nessas questões sociais e procurei os movimentos organizados, mas eles não existiam na época e comecei um trabalho de formiguinha, indo nos pontos de prostituição para conscientizar e politizar essas pessoas”, revela.

Para ela, a mudança tem que começar com o aumento da representatividade feminina na política. “Nós defendemos a questão da paritariedade na política para que o homem compreenda de fato o que uma mulher precisa. Isso vai além dos conceitos de gênero. As mulheres negras, por exemplo, possuem um pré-natal mais intercalado que as brancas porque muitos profissionais da saúde ainda entendem que as mulheres negras são mais resistentes”.

Com mandato

Experiente na política, a vereadora Luiza Ribeiro (PPS), 48 anos, enumera diversos fatores que inibem a participação das mulheres na disputa eleitoral. “Tem muita dificuldade para ter apoio e se tornar candidata. Elas exercem muitas tarefas e 40% dos lares são sustentados exclusivamente pelas mulheres. Ela tem que sustentar a família, cuidar dos filhos, da educação, sobra pouco tempo para a militância política. A divisão do trabalhado doméstico e da família também está concentrado nas mãos da mulher”, aponta.

Ainda segundo ela, o Brasil está bastante atrasado na equidade de gêneros se comparado a outros países, principalmente por questões culturais. “A política brasileira sempre foi ambiente hostil, agressivo e as mulheres, em geral, não gostam de viver em um ambiente que não está em equilíbrio. Se perguntar para mulher se quer ser vereadora, a maioria vai responder não. Mas é importante que elas participem”.

Como exemplo de projetos de lei que recebem mais cuidados quando são trabalhados por mulheres, Luiza cita a defesa da educação infantil. De acordo com ela, as mulheres se preocupam com o problema mais que os homens, pois, de modo geral, elas utilizam a rede com mais frequência porque ficam com as crianças e precisam de um lugar para deixa-las e ir trabalhar.

Diversidade

A diversidade de mulheres na disputa é grande e encontra outras candidatas de destaque como Ana Claudia Ledesma  (PPS), coordenadora do projeto Mulheres em Foco na superintendência de Políticas Públicas para as Mulheres do Governo do Estado, e a sargento Anita Ferreira Caputti, (PT do B), membro da  Polícia Militar. Já as vereadoras Carla Stephanini (PMDB) e Magali Picarelli (PSDB) tentam a reeleição.

Entre os nomes conhecidos na disputa ainda estão a ex-secretária de Desenvolvimento Econômico, Turismo, de Ciência e Tecnologia e Agronegócio, Dharleng Campos de Oliveira (PP), a ex-diretora do Hospital da Criança, Renata Guedes Allegretti (PMDB), e a ex-participante do reality show BBB (Big Brother Brasil), Priscila Pires dos Santos (PMDB). A lista completa você confere aqui.

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