Após o filho do presidente Jair Bolsonaro, deputado Eduardo Bolsonaro debochar da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura militar, a vereadora de Campo Grande, Camila Jara (PT) aprovou com 18 votos uma moção de protesto na Câmara.
Durante a discussão desta terça-feira (5), Jara mostrou indignação com a fala de Eduardo. O assunto de cunho nacional foi trazido para a Casa de Leis da Capital, e chegou a desagradar alguns vereadores, que afirmam quererem pautar apenas assuntos locais.
"Como mulher e defensora da democracia, não poderia deixar de mostrar a minha indignação. Passou da hora de dizer um basta a quem faz apologia à violência contra a mulher. Quero deixar registrado a minha moção de repúdio ao Eduardo Bolsonaro."
O bolsonarista Tiago Vargas (PSD) se revoltou com o pedido de moção contra o filho do presidente e deu suas justificativas, sendo vaiado pela plateia de servidores.
"Interessante é que eles podem tudo, podem chamar o presidente Jair Bolsonaro de genocida, podem chamar a família dele de traficante. Eles podem tudo, e quero pedir para que não seja aprovada essa moção."
(Tiago Vargas se indignou com a moção, mas foi vaiado pela plateia da Câmara. Foto: Reprodução Facebook)
"Quero parabenizar a vereadora Camila Jara, que sempre quando alguém toca numa mulher, ela faz a defesa", disse o vereador Marcos Tabosa (PDT).
Para João Rocha (PSDB), melhor sugestão seria encaminhar um expediente ao deputado Eduardo Bolsonaro tirando a palavra repúdio. No final, Camila mudou para moção de protesto e ele votou a favor.
Apenas alguns dos vereadores conservadores votaram contra: Tiago Vargas (PSD), Sandro Benites (Patriota), Loester (MDB), Clodoilson Pires (Podemos), Alírio Villasanti (União), Willian Maksoud (PTB) e Papy (SD).
O caso
Miriam Leitão divulgou há alguns anos, com detalhes, o sofrimento vivido nas dependências do quartel do Exército em Vila Velha durante a ditadura militar. Grávida, a jornalista foi agredida, assediada moral e sexualmente, e até colocada nua dentro de uma sala escura com uma jiboia, onde foi mantida por horas.
No domingo (3), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou suas redes sociais para debochar da tortura vivida por Miriam Leitão. “Ainda com pena da cobra”, escreveu.