Em reportagem da Revista Radar da Veja desta terça-feira (17) foi divulgado sobre bastidores e atritos recentes entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Devido a crise do coronavírus o ministro vem sendo reconhecido pela sua atuação e isso incomoda o mandatário. Mais ainda, devido a brigas com governadores ele tenta sabotar estratégias do ministério, segundo publicação.
O jornalista Robson Bonin, diz que assim como fez com outros ministros que se destacaram na atuação da máquina, Bolsonaro passou a perseguir e minar, recentemente, o trabalho de Mandetta.
O motivo seria cômico se não fosse trágico. Em plena crise, Mandetta fez o seu papel e auxiliou o governador de São Paulo, João Dória, a formar um plano de contingência frente o avanço do coronavírus.
O presidente por sua vez sentiu-se traído ao ver o auxiliar atuando em parceria e ao lado de Doria, seu inimigo político. A saúde da população não foi assunto das inúmeras ligações do presidente. “O Mandetta, o que você está fazendo aí ao lado desse Doria”, teria dito Bolsonaro ao ministro, segundo relato de uma testemunha do entrevero.
Médico por formação, Mandetta, tentou explicar ao presidente o sentido de atuação republicana. “Presidente, como ministro da Saúde, estou apenas cumprindo com minhas obrigações”, disse Mandetta a Bolsonaro, segundo três fontes relataram ao Radar.
Auto sabotagem
Conforme o Radar, cego pela luta política, Bolsonaro não aceitou as explicações. Sem poder demitir o auxiliar, reconhecidamente elogiado no momento pelo trabalho na luta contra a crise, o presidente passou a atuar nos bastidores para minar a operação montada pelo seu próprio governo.
“A face mais visível dessa atuação ocorreu no domingo, quando Bolsonaro quebrou a própria quarentena para buscar o contato físico com um grupo que se aglomerava na frente do Palácio do Planalto, mas outros lances nada elegantes ocorreram”, diz a publicação.
Como noticiado em artigo do TopMídiaNews, ao colocar a saúde de milhares em risco, Bolsonaro humilhou a equipe de Mandetta e fez pouco caso do plano de prevenção bolado por um time de técnicos que vem trabalhando durante incansáveis horas para driblar dificuldades estruturais do sistema de modo a evitar um apagão na saúde ante a explosão de casos de coronavírus.
Nos bastidores Mandetta aparece abatido diante da falta de interesse do governo em colaborar no combate da doença. “Ao atuar em parceria com o governo de São Paulo e do Rio, redutos de adversários de Bolsonaro, passou a ser visto com desconfiança. Para Bolsonaro, não interessam as consequências da pandemia, os inimigos não devem ser socorridos pelo governo. E ponto”, finaliza a reportagem.