“Eu confio no juiz Sérgio Moro [ex-juiz federal, agora ministro da Justiça e Segurança Pública], não tenho dúvida quanto à sua lisura como magistrado”, disse Luiz Alberto Ovando, o doutor Ovando, médico, corumbaense, deputado federal pelo PSL de Mato Grosso do Sul.
Ele disse isso ao TopMidiaNews, em Brasília, um dia depois do ministro ter ido à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), da Câmara dos Deputados, falar sobre o vazamento de mensagens supostamente trocadas entre Moro, no período que era juiz federal, com procuradores da República que tocavam a operação Lava Jato.
Pelos diálogos, que teriam sido mantidos com os procuradores entre os anos de 2016, 2017 e 2018, publicados pelo site noticioso Intercept Brasil, Moro combinava estratégias na condução dos processos contra investigados na Lava Jato, apontava testemunhas a prestarem depoimentos e, segundo o site, até acelerava determinados casos. Moro deixou a magistratura federal e, logo depois, virou ministro da Justiça.
Lula, preso desde abril do ano passado, foi um dos condenados por Moro. Depois do vazamento das supostas conversas, as decisões do agora ministro têm sido contestadas e ele já foi por duas ocasiões no Congresso Nacional dar explicações – na CCJ do Senado e da Câmara dos Deputados. Para alguns senadores e deputados federais, Moro agiu com parcialidade em suas decisões. Por regra no Judiciário, um magistrado não deve trocar informações com procuradores, os acusadores, no caso, durante o curso do processo.
“Antigamente, 20 anos atrás, quando surgiu o celular, não tinha Instagram , WhatsApp, e os juízes e procuradores, trabalhando no mesmo local, conversavam no cafezinho, em locais de reuniões e isso não era registrado. Hoje, querem colocar o Sérgio Moro na condição de contraventor, bandido, isso para mim é falta de assunto, incoerência, e o que pior é a forma como se conseguiu essa provável informação, através de invasão da vida privada”, afirmou o parlamentar do PSL.
Para o parlamentar, se o ex-juiz tivesse sido parcial na operação Lava Jato, suas decisões poderiam, em outras instâncias judiciais, ter sido desfeitas, anuladas.
“Eu vejo com muita tranquilidade [quanto às denúncias contra Moro], acho que o juiz não tem nenhum problema, nem um envolvimento. E outra, se houvesse alguma linha de injustiça, a turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) resolveria. A corte que confirmou a sentença aplicada por Moro contra Lula, dos três magistrados que julgaram de maneira unânime, dois foram indicados pelos ex-presidentes Lula e Dilma”, afirmou o parlamentar.
Luiz Ovando acrescentou ainda que entre os sete ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), corte máxima do país que consolidou a condenação de Lula, seis foram indicados (nomeados, no caso) por decisão dos ex-presidentes Lula e Dilma.
“Se existisse alguma coisa de errada, com certeza, votariam contra a condenação”, opinou Doutor Ovando.
“E esse pessoal do processo [Lula], tinha banca de advogados para ver se havia furos no processo e não achou nada”, completou o parlamentar.
Para o deputado federal do PSL, mesma legenda do presidente Jair Bolsonaro, “o que estão fazendo agora é desestabilizar a democracia desse pais através de falsas acusações, falácias, não se fundamentam, simplesmente são sofistas [quem defende argumentos inconsistentes], fazem argumentação sem compromisso com a verdade”.
Concluiu o parlamentar: “como parlamentar, cidadão, acredito, confio no Sérgio Moro, não tenho dúvida quanto à sua lisura como juiz. Não houve nenhuma injustiça na condução do processo que condenou Lula, o que se provou era que ele [ex-presidente] era o chefe da grande gangue que ainda tem muitos [integrantes] infiltrados por ai”.