Possibilidade de empréstimo bancário com o dinheiro do FGTS como garantia, anunciado pelo presidente Lula (PT), pode ser uma cilada, alertam economistas. A medida foi tida como arriscada, já que pode endividar famílias, mesmo com os juros mais baixos.
O programa foi chamado de ''Crédito do Trabalhador'', que visa aliviar o contribuinte dos preços altos, em razão da inflação e/ou possibilitar que este pague suas dívidas com bancos que cobram juros mais caros ou agiotas.
O empréstimo consignado pode ser autorizado somente para pessoas que tenham carteira assinada, já que a garantia, em caso de calote, será o valor do FGTS. No sistema, os bancos vão oferecer diversas possibilidades de juros e formas de pagamento.
''É o mais novo conto do vigário a chegar na praça'', definiu Mário Sabino, colunista do site Metrópoles.
Economista
O economista Leandro Cabral alertou que o empréstimo em questão é eleitoreiro e é o mesmo feito em bancos tradicionais. Ele explica que o governo facilitou o ''meio de campo'' ofertando aos bancos a possibilidade de pegar até 10% do saldo do FGTS, caso a dívida não seja quitada.
Cabral admite que a chance dos bancos cobrarem juros menores é maior, já que o desconto é na folha de pagamento do trabalhador e tem o FGTS como garantia, mas mesmo assim vê incongruências no programa.
''O Governo [várias gestões] te jogou no mar e agora tão vendendo um pedaço da corda para você se salvar. E essa corda pode custar caro e ainda há o risco de você se afogar'', metaforizou o especialista em finanças. Ele comentou que 70% dos trabalhadores se dizem endividados.
Ainda segundo Leandro, ele diz que a redução de exigências para o empréstimo é para atrair o grande público. E isso também é arriscado.
''Só que é um sério problema. Sempre que a burocracia diminui para fazer empréstimo, as pessoas se enforcam'', refletiu. Ele também destacou que os juros mais baixos não são para todo mundo e sim potencialmente melhores para os bons pagadores.
Inflação
Segundo o jornal O Globo, economistas também alertaram sobre a medida governamental de Lula. Eles avaliaram que a troca de empréstimos com juros mais altos por outros mais em conta tende a deixar mais recursos na mão dos consumidores. Isso vai contra o esforço do Banco Central para conter a inflação, que inclusive elevou a taxa de juros a 14,25%.