Deputados de Mato Grosso do Sul apontam que o aumento do valor do Bolsa Família é um fator positivo, mas fazem ressalvas com certas criticas ao presidente Jair Bolsonaro. Alguns dizem que ele quer aumentar o valor visando reeleição em 2022. A Medida Provisória com um novo texto do programa social vai mudar o nome para Auxílio Brasil e o valor pode chegar a R$ 400.
Mudança de comportamento
O deputado Dagoberto Nogueira (PDT), que é de oposição, afirma que a mudança brusca de posicionamento de Bolsonaro, que era contra o programa e fazia críticas ferrenhas, é uma tentativa para ganhar a apreciação dos beneficiários um ano antes da eleição.
"Lógico, ele sempre foi contra o auxílio, não gosta dos mais pobres, mas a pesquisa e a sua ganância pelo poder, e os péssimos resultados de pesquisas, vem fazendo ele mudar de posição."
De onde vem o dinheiro?
Com ressalvas, deputado federal Fábio Trad (PSD) se diz a favor da implantação de todo o programa de distribuição direta de renda. Mas, o novo programa, segundo o parlamentar, deve ser financiado com recursos provenientes de uma revisão da política de incentivos fiscais, que somente em 2021, de acordo com dados da Unafisco Nacional, deixará de arrecadar R$ 315,4 bilhões em privilégios tributários concedidos a alguns setores econômicos “sem a mínima contrapartida para a sociedade brasileira”.
“Espera-se também que o novo ‘Bolsa Família’ não isente o governo federal da sua tarefa de combater o desemprego e a altas dos preços de alimentos, medicamentos, gás e combustíveis. Até porque, de nada adiantará dar o Bolsa Família com preços cada vez mais altos em produtos de primeira necessidade”.
Nunca combateu a pobreza
O deputado Vander Loubet (PT) disse que Bolsonaro nunca "se preocupou em combater a pobreza. Pelo contrário, sempre atacou o Bolsa Família, desde o seu primeiro ano de governo. O resultado do descaso do governo com os programas sociais e mesmo com as políticas públicas de geração de emprego e renda estão aí para todo mundo ver: desemprego em alta, renda achatada e a volta da fome."
Ele é favorável ao programa, mas afirma que o modelo de Bolsonaro está confuso. "Somos totalmente a favor de políticas sociais de combate às desigualdades e sempre lutamos por essa bandeira. Porém, não temos como deixar de alertar a população de que esse movimento do Bolsonaro é completamente eleitoreiro. Agora, com a popularidade em queda e em plena campanha eleitoral antecipada, o Bolsonaro quer fingir que está preocupado com os mais pobres. Esse Auxílio Brasil, proposto pelo Bolsonaro, é tão fake quanto as informações que ele divulga. Basta observar que a medida provisória que cria o Auxílio não informa quantas pessoas serão beneficiadas, quanto cada família vai receber e de onde vai sair o dinheiro."
Para a deputada Rose Modesto (PSDB), o auxílio na renda da população mais vulnerável é essencial. A deputada não comentou sobre a questão política da MP.
"Eu sou completamente favorável ao auxílio. A pandemia aumentou a pobreza, a fome, o desemprego. Tudo o que for beneficiar a população e a economia, tem meu apoio. Hoje o valor máximo médio pago pelo Bolsa Família, é de R$ 192,00. Se houver espaço no orçamento, esse auxílio vai ajudar muita gente. Independente disso ser bom ou não para o presidente, isso é bom para o Brasil."
Defensor de Bolsonaro, o deputado Luiz Ovando (PSL) postou no Instagram que além do reajuste é previsto outro programa. "Uma ótima novidade é também a inserção do auxílio esporte escolar, para desenvolver e incentivar a prática esportiva no Brasil. O Auxílio Brasil dará um bônus para quem conseguir emprego e sair da faixa em que se enquadra no programa, para que o cidadão de bem possa andar com as próprias pernas e não depender mais do governo."
Gastos
Segundo reportagem da Folha de São Paulo, Bolsonaro já demanda o total de R$ 67 bilhões dos cofres públicos para 2022, na tentativa de reeleição. Fazem parte da conta itens como a isenção para o diesel no próximo ano (R$ 26 bilhões, segundo Bolsonaro), a expansão no Bolsa Família (de ao menos R$ 25 bilhões, segundo Guedes), a reforma tributária (que subtrai R$ 7,7 bilhões de estados e municípios) e o aumento no funcionalismo (que a equipe econômica tenta limitar a R$ 5 bilhões).