‘Mortadela’ ou ‘coxinha’, não importa qual a ideologia política, o grupo JBS financiou a campanha eleitoral de, pelo menos, 50 políticos em Mato Grosso do Sul. São deputados, senadores, vereadores, secretários, prefeitos e superintendentes. Alguns velhos conhecidos do eleitor, outros exercendo o mandato pela primeira vez em 2017.
Os nomes aparecem em planilha do diretor da J&F, Ricardo Saud, sobre os repasses feitos na campanha de 2014 a políticos de todo o país. Segundo ele, a empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista fez doações, declaradas ou não declaradas ao TSE (Superior Eleitoral), a 1.829 candidatos, de 28 partidos.
Na delação premiada entregue à PGR (Procuradoria-Geral da República), ele ainda destaca que a ‘generosidade’ dos empresários era usada como moeda de troca para incentivos fiscais e leis benéficas aos interesses do grupo. Por várias vezes, Ricardo Saud usa o termo ‘propinas’, considerando que, segundo ele, apenas cerca de R$ 15 milhões foram doados sem contrapartida ou promessa. Ao todo, os repasses ilícitos teriam somado mais de R$ 600 milhões.
“Eleitos foram 179 deputados estaduais, de 23 estados, 167 deputados federais, de 19 partidos. Demos propina para 28 senadores da República, sendo que alguns disputaram e perderam eleição para governador e alguns disputaram reeleição ou eleição para o Senado. E demos propina para 16 governadores eleitos, sendo quatro do PMDB, quatro do PSDB, três do PT, dois do PSB, um do PP, um do PSD”, contou.
Em Mato Grosso do Sul, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) recebeu R$ 10,5 milhões em doações de campanha; na chapa adversária, Delcídio do Amaral (então PT) faturou R$ 214,805 mil e, concorrendo pelos peemedebistas, Nelsinho Trad (PTB), R$ 3,26 milhões. Única senadora do Estado citada, Simone Tebet (PMDB) pegou R$ 1,72 milhão. Disponíveis na planilha da JBS, os valores aparecem na prestação de contas dos candidatos.
Na lista de deputados federais também são citados os seguintes parlamentares:
- Carlos Marun (PMDB) – R$ 103 mil
- Dagoberto Nogueira (PDT) – R$ 170 mil
- Elizeu Dionizio (PSDB) – R$ 22.864,00
- Geraldo Resende (PSDB) – R$ 450 mil
- Luiz Henrique Mandetta (DEM) - R$ 25.086,00
- Tereza Cristina (PSB) – R$ 103 mil
Já os deputados estaduais beneficiados pelo grupo JBS são:
- Ângelo Guerreiro (PSDB) – R$ 30.139,00
- Coronel David (PSC) – R$ 52 mil
- Eduardo Rocha (PMDB) – R$ 52 mil
- Flávio Kayatt (PSDB) – R$ 14.364,00
- Herculano Borges (PROS) – R$ 6.132,00
- Junior Mochi (PMDB) – R$ 84,5 mil
- Lídio Lopes (PEN) – R$ 52 mil
- Mara Caseiro (PSDB) – R$ 52 mil
- Marcio Fernandes (PMDB) – R$ 52 mil
- Maria Antonieta Amorim (PMDB) – R$ 102 mil
- Maurício Picarelli (PSDB) – R$ 52 mil
- Onevan de Matos (PSDB) – R$ 9.386,00
- Paulo Siufi (PMDB) – R$ 52 mil
- Pedro Kemp (PT) – R$ 30 mil
- Renato Câmara (PMDB) – R$ 224 mil
- Rinaldo Modesto (PSDB) – R$ 21.553,00
- Zé Teixeira (DEM) – R$ 15.761,00
Entre os prefeitos listados, está o chefe do Executivo em Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), que recebeu R$ 72 mil para a sua campanha de deputado estadual, e a chefe em Dourados, Delia Razuk (PR), que faturou R$ 50 mil. Em nota, a prefeitura da Capital já havia informado que o valor foi declarado na prestação de contas da candidatura, disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral, ou seja, que o repasse é legal.
Na sequência, aparecem na lista de Saud secretários estaduais que disputaram cargos no Legislativo estadual e federal, alguns licenciados do mandato:
- Athayde Nery – R$ 17.584 (Cultura)
- Bosco Martins – R$ 7.764 (TVE)
- José Carlos Barbosa, o Barbosinha – R$ 109,5 mil (Justiça)
- Marcio Monteiro – R$ 17.189 (Fazenda)
- Maria Cecília Amendola da Motta – R$ 8.101 (Educação)
Em Campo Grande, alguns vereadores também receberam recursos da JBS. Mesmo que o dinheiro não tenha sido doado diretamente aos candidatos, os valores chegaram às campanhas através de repasses dos diretórios estaduais e nacionais. Mesmo assim, todos eles constam na lista de Ricardo Saud:
- André Salineiro (PSDB) – R$ 11.750
- Cazuza (PP) – R$ 5.584,00
- Dharleng Campos de Oliveira (PP) – R$ 5 mil
- Livio Viana Leite (PSDB) – R$ 10.310,00
- Loester Nunes (PMDB) – R$ 42 mil
Sem mandato ou ocupando algum cargo de superintende nas administrações municipais e estaduais, alguns políticos conhecidos do eleitor também são citados pelo diretor do grupo J&F. Todos eles concorreram a algum posto eletivo em 2014. Confira:
- Ailton Stropa Garcia – R$ 5.266,00 (ex-diretor da Agepen)
- Alcides Bernal (PP) – R$ 400 mil (ex-prefeito de Campo Grande)
- Aldo Donizete (PP) – R$ 14.618,00 (ex-diretor da Fundação Municipal do Trabalho)
- Antonio João (ex-PSD) – R$ 20.302,00 (empresário)
- Carla Stephanini (PMDB) – R$ R$ 103 mil (ex-vereadora e subsecretária de Políticas para a Mulher em Campo Grande)
- Coringa (PSD) – R$ 22.132,00 (ex-vereador e subsecretário de Defesa dos Direitos Humanos em Campo Grande)
- Daltro Fiuza (PMDB) – R$ 57 mil (ex-prefeito de Sidrolândia)
- Marçal Filho (PSDB) – R$ 653 mil (ex-deputado federal)
- Ricardo Ayache (PSB) – R$ 198.044,00 (presidente da Cassems)
- Fábio Trad (ex-PMDB) – R$ 103 mil (ex-deputado federal)
- Ritva Vieira (PP) – R$ 5.744,00 (ex-secretária de Regulação)
A lista completa você confere aqui. Alguns políticos estão listados em partidos diferentes dos citados, pois migraram de legenda após eleitos. Encontrou mais algum nome? Deixe nos comentários!