A militante Cris Duarte anunciou a desfiliação e deixou a presidência do PSOL de Mato Grosso do Sul, na semana passada. Nas redes sociais, ela afirma que entre os motivos sofreu violência política e de gênero, desde que venceu as eleições internas do partido. Agora, Cris vai militar em movimentos de minorias de Campo Grande como já fazia, antes de entrar na sigla.
Ela afirma que não teve respaldo da executiva nacional e que “o partido ficou travado”, por conta do comportamento do ex-presidente Lucien Resende, que perdeu o cargo de presidente e ficou como tesoureiro.
Após meses tentando administrar a sigla, Duarte desistiu após insistir muito em levar novas ideias e atuar conforme a sua tendência no PSOL.
“Passei por um processo sistemático de violência política de gênero que perdurou mesmo após findar o processo eleitoral em que fui eleita presidenta do diretório estadual”, disse ela.
Cris afirma que a decisão foi difícil, e que tentou por três fortalecer a sigla. Segundo ela, os partidos dizem que “é necessário incentivar a mulher a entrar na política”, e pregam igualdade na teoria, mas praticamente nada disso acontece na prática.
“Senti na pele o gosto amargo das consequências emocionais de ser uma mulher ocupando o principal cargo dessa instância partidária que, mesmo diante das denúncias, parecia não haver possibilidade concreta de superação desse panorama de ataques pessoais, desrespeito, travamentos burocráticos característicos do machismo estrutural que culminaram nesta difícil decisão de desligamento.”
Ela explica que o ex-presidente agia de forma escancarada para anular sua gestão, e que mesmo ela tendo pedido respaldo a executiva nacional, não foi atendida.
A fim de evitar se desgastar ainda mais, a psicóloga resolveu sair da legenda. Duarte diz que inicialmente tentava sempre passar por cima de todas essas situações, mas com o passar do tempo percebeu que todos esses problemas consecutivos estavam lhe fazendo mal.
“Eu sou psicóloga e percebi que estava me afetando de forma muito ruim. Eu não tinha respaldo, e chegou um momento que não dormia mais preocupada em resolver os problemas do partido. Esse tipo de padrão do machismo, de não respeitar as decisões de uma mulher que está na presidência, de não levar a sério, e milhares de outras coisas vão afetando aos poucos. Por isso, resolvi sair.”
Apesar de tudo, Duarte diz que vai seguir militando pelo que acredita em movimentos feministas, das mulheres negras, indígenas e LGBTQIA. “Porque tenho convicção de que é com essas mulheres que preciso estar e construir.”