Em mais um episódio de nomeações à pedido do Centrão, o presidente Jair Bolsonaro promete canetar o senador Ciro Nogueira (PP-PI) para ministro da Casa Civil. Políticos de Mato Grosso do Sul lamentam "a troca de favores por cargo" e indicam um governo fragilizado.
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM) disse no Twitter que o 'troca-troca' de ministro no governo de Bolsonaro é resultado de um combate ruim a corrupção e promessas vazias em época de campanha. "Ia acabar com o toma lá dá cá, ia combater a corrupção, mas comete estelionato eleitoral mais uma vez. Quem valoriza o combate à corrupção já pulou fora e não volta mais."
Para o deputado federal Fábio Trad (PSD), é lamentável que políticos do centrão se prestem a esse papel. "Lendo aqui que já tem políticos se estapeando por cargos nos novos ministérios que serão criados pelo governo fúnebre de Bolsonaro. Que decadência ! Que passagem tétrica da nossa história!".
Já para Vander Loubet (PT) o governo de Jair está desmoronando em fragilidade."A ida do Ciro Nogueira do PP para a Casa Civil do governo só mostra o quão fragilizado está o Bolsonaro. Como partido do Centrão, o PP sabe muito bem jogar esse jogo, estão se apropriando de todos os espaços possíveis no governo para atender aos seus interesses, em troca de construir um cenário para inviabilizar o impeachment do Bolsonaro - que juridicamente já tem há tempos todos os elementos e provas para ser feito."
O senador Ciro Nogueira defendeu com unhas e dentes o governo de Bolsonaro durante a CPI da Pandemia. A cobrança chegou cedo e para o petista cai por terra, as promessas antigas de Bolsonaro que dizia ser contra o 'toma lá, dá cá'.
"Mais do que nunca, Bolsonaro se entregou à política do "toma lá dá cá", justamente a política que ele tanto criticou em sua campanha em 2018 e justamente com o Centrão, que ele demonizou na campanha de 2018. Ainda por cima criou e deve criar mais ministérios, algo que ele também criticou."
Para a senadora Simone Tebet (MDB) não há nada de novo na futura nomeação. "Casamento com PP sempre existiu. Só estão fazendo bodas. Fragilizado, presidente precisou garantir mais espaço a eles pra se manter no poder". "
Não reduziu ministérios
Uma das bandeiras de campanha do presidente Jair Bolsonaro, a redução do número de ministérios está cada vez mais distante das promessas do período eleitoral. Com a ida de Ciro Nogueira a Casa Civil também tem a afirmativa de recriar o ministério do Trabalho.
Segundo o G1, Bolsonaro recebeu do ex-presidente Michel Temer uma estrutura com 29 pastas: 23 ministérios, duas secretarias e quatro órgãos com status de ministério.
Antes da eleição, Bolsonaro prometeu enxugar a estrutura e disse que governaria com no máximo 15 pastas.
No entanto, três meses depois, em janeiro de 2019, empossou 22 ministros no Palácio do Planalto, incluindo o presidente do Banco Central, órgão até então com status de ministério.
Em junho de 2020, Bolsonaro anunciou a recriação do ministério das Comunicações, elevando o número de pastas a 23.
Com a sanção da lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central em fevereiro deste ano, o presidente Roberto Campos Netto perdeu status de ministro. Atualmente a esplanada conta com 22 ministérios. Com a recriação da pasta do Trabalho voltará a 23.