Martelo batido: o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), unidade de inteligência financeira do Brasil que infere e aponta ocorrências suspeitas de atividades ilícitas e comunica às autoridades para a instauração de procedimentos investigatórios, sai das mãos do ministro Sérgio Moro (Justiça) e segue para o Ministério da Economia. Dois dos três senadores sul-mato-grossenses - Nelsinho Trad (PSD) e Soraya Thronicke (PSL) -, concordaram com a medida; Simone Tebet (MDB), que quis que o Coaf ficasse com Moro disse que o desfecho dessa questão ocorrera porque presidente Jair Bolsonaro (PSL), armou a "própria cama de gato".
Em campanha, Bolsonaro, prometeu a seus eleitores que brigaria até o fim para que as atividades financeiras duvidosas seriam esmeradamente cuidadas pela pasta chefiada por Moro.
Recado do capitão da reserva do Exército ecoou nas manifestações de rua, no domingo passado, dia em que Moro fora tratado por multidões como “salvador da pátria”.
Ontem, terça-feira (28), insolitamente, o presidente recuou e aceitou o Coaf na Economia, como era em governos passados.
Fala-se em Brasília (imprensa) que Bolsonaro aceitou o Controle das Atividades Financeiras na pasta chefiada por Paulo Guedes (Economia) por meio de acordo fechado com o chamado Centrão (legendas DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade), e o PT.
RECADO DE SIMONE
Simone Tebet (MDB-MS), única entre os três senadores sul-mato-grossenses a votar pela Coaf com Sérgio Moro, comentou:
“O governo [Bolsonaro] fez a sua própria cama de gato. Ele não esperava que nas manifestações [de domingo] houvesse um pedido tão forte para que o Coaf ficasse no Ministério da Justiça. Em função do tempo [de vigência da MP, que encerrava em 03 de junho], o governo ficou numa encruzilhada. Ele não tinha outra saída a não ser pedir para o Senado aprovar a MP como veio da Câmara. Seria uma desmoralização muito grande para o presidente da República deixar a MP caducar. Eu não conheço um governo que não tenha conseguido aprovar a sua reforma administrativa. Isso é elementar. Isso mostraria uma fraqueza muito grande. Nós compreendemos a situação do presidente, mas ele precisa entender a nossa também. Ele não poderia cobrar de qualquer parlamentar um posicionamento que não fosse da sua consciência. Eu votei a favor do Coaf no Ministério da Justiça.”
Antes de seguir para o Senado, a Câmara dos Deputados, já havia derrubado a ideia de manter o Coaf com Sérgio Moro. Caso o Senado contrariasse o decidido, a Medita Provisória 870, a da reforma administrativa proposta por Bolsonaro, retornaria para a Câmara Federal, que definiria a causa. Por temer derrota, o presidente pediu ao Senado que a Casa votasse a questão como estava, ou seja, com o Coaf no ministério da Economia.
Logo depois da votação, correu a notícia em Brasília que Bolsonaro, por decreto, poderia quebrar o acordo com o Senado e determinar que o Coaf ficasse com Moro. Contudo, pouco depois, a notícia fora desmentida por assessores. Ou seja, o protesto das ruas não sensibilizou o presidente.