O que era para ser uma situação simples, de fácil resolução - um acidente sem vítimas, com danos materiais – virou a maior polêmica política das últimas semanas em Coxim, maior cidade do Norte de Mato Grosso do Sul. Teve de tudo: milhares de caixa de soja, Polícia, e gente do prefeito na delegacia, e devolução do tipo ‘desculpe o vacilo’.
A história teve início na manhã de domingo (3), quando um caminhão carregado de caixas de óleo de soja tombou na pista da BR-163, próximo do Balneário Canuto. Foram espalhadas pela pista 2.850 caixas, com vinte litros de óleo cada. O material imediatamente começou a ser recolhido por gente que passava pela rodovia, com anuência da Polícia Rodoviária Federal, conforme registro audiovisual feito ainda no local do acidente.
A Prefeitura de Coxim não se fez de rogada e também esteve recolhendo caixas de óleo. A reportagem apurou que até um veículo originalmente usado para reciclagem foi empenhado no serviço. O problema é que o responsável pelo Seguro do caminhão não foi informado da situação, e acionou formalmente as forças de segurança.
E aqui começou o ‘vuco-vuco’. Servidores, inclusive do primeiro escalão da prefeitura, tiveram que bater ponto na noite do domingo na Delegacia de Polícia. No fim, toda a carga ‘recolhida’ pela prefeitura teve que ser devolvida. O prefeito da cidade, Edilson Magro, alega que o município foi acionado pela PRF para ajudar com o óleo, mas nada diz sobre a questão do Seguro do caminhão.
Segundo a delegada que atendeu a ocorrência, Andressa Vieira, ‘diante da iminência de perda da carga, um veículo da Prefeitura recolheu uma parte, aproximadamente 180 caixas com vinte litros cada. Porém, com a chegada do encarregado pela seguro, essa carga foi devolvida. Para fins de acionamento do seguro, foi registrado um boletim de ocorrência de furto, pelo restante da carga que não pode ser recuperada. Total: 2.850 caixas com vinte litros de óleo cada”.
Nos grupos de WhatsApp da cidade o assunto virou polêmica municipal, inclusive com denúncias – não confirmadas ou averiguadas pela Polícia local – de que poderia ocorrer desvios da carga de óleo de soja, produto com preço nas alturas nos últimos meses.
Mesmo com a revolta da população, e com pedido da reportagem, a assessoria de imprensa do município não se pronunciou até o fechamento deste material.