Após ataques nas redes sociais, ofensas, comentários preconceituosos e até perfil sugerindo a sua morte, o candidato a deputado federal pelo PSOL no Mato Grosso do Sul, Franklin Schmalz, registrou, nessa terça-feira (23), um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil.
O candidato também realizou uma representação no Ministério Público Estadual.
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Conforme o candidato, uma publicação dele na rede social recebeu comentários e compartilhamentos desde a noite de domingo (21), logo após o lançamento oficial de sua campanha.
Já a postagem alvo das manifestações foi feita no dia 23 de julho, há um mês, quando ele participava da Parada LGBT de Campo Grande. Na foto, Franklin vestia uma camiseta com os dizeres: 'Menos Agro, Mais Veado', em alusão a uma de suas bandeiras de campanha, o enfrentamento ao avanço do agronegócio sobre os biomas Pantanal e Cerrado, que são habitats dos veados.
(A publicação foi alvo de dezenas de ataques. Foto: Divulgação)
LGBTfobia é crime!
“Apesar de a LGBTfobia ser crime no Brasil, esse fato evidencia que muitas pessoas ainda se sentem confortáveis para ofender e atacar outras por conta de sua orientação sexual ou identidade de gênero”, disse o candidato que continua: “na democracia e, ainda mais agora, nas eleições, o diálogo deve prevalecer, nós não vamos aceitar intimidações, esperamos que a Justiça responsabilize os envolvidos e vamos seguir defendendo o que acreditamos.”
A publicação na qual ocorreram os ataques teve mais de 1900 compartilhamentos e recebeu mais de 600 comentários até o momento.
Em alguns desses comentários, os usuários usam palavras de baixo calão para se referir às pessoas homossexuais, ou nos casos mais graves, chegam a sugerir sua morte e incitar a violência.
O teor da maioria dos comentários é em favor do agronegócio, assim como do Presidente Jair Bolsonaro. Franklin relata também que chegou a receber um áudio com ofensas. Um dos comentários sugere: “morr* via**”, enquanto em que outro o usuário escreveu: “Tem que fazer com esses cara igual faz com os quexada kkkkkk porva pra riba [sic]”. A incitação ao crime de violência física também aparece mais de uma vez com frases como: “Falta de coro num bosta desse [sic]” e “isso daí é falta de laço”.
Segundo o candidato, o trocadilho com a palavra “veado” também tem a intenção de evidenciar o protagonismo da comunidade LGBT na atuação política junto de outras pautas importantes como o meio ambiente.
Em nota, Franklin alega: “não tenho problema com críticas, nem fujo de debates. Sou candidato a deputado federal justamente pra isso: dialogar, debater e disputar a opinião pública, mas não se pode tolerar discurso de ódio e ameaças.”
Segundo o advogado do candidato, Marco Henrique Soares Pereira, o registro do BO deve servir para resguardar a segurança do cliente, tendo em vista uma clara demonstração de ameaça à sua integridade física, assim como a violência moral e psicológica à qual está sendo submetido.
Quem é Franklin?
Franklin Schmalz tem 27 anos, é formado em Relações Internacionais e Mestre em Sociologia, trabalha com comunicação social e estuda marketing. Tem atuação em movimentos de juventude e no movimento LGBT do estado, é Coordenador Municipal da Aliança Nacional LGBTI e Secretário Geral do PSOL MS. É candidato pela segunda vez, em 2020 foi o 10° mais votado para vereador em Dourados, porém não foi eleito.
Franklin aparece atualmente na Plataforma VoteLGBT, que defende mais representatividade na política, como o único candidato a deputado federal assumidamente homossexual no Mato Grosso do Sul.