Jair Bolsonaro (PSL), que assumiu a presidência do Brasil nesta terça-feira (1º), pode melar um dos últimos atos do presidente Michel Temer (MDB), que nomeou o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Eduardo Xavier Marun, para, por período de dois anos, compor o conselho administrativo da Itaipu Binacional.
Enquanto esteve à frente do ministério, Marun, cuja carreira política foi toda construída em Mato Grosso do Sul, onde ocupou mandato de vereador, secretário estadual, deputado estadual e deputado federal, foi um dos principais defensores de Temer. Inclusive, foi tido pela imprensa nacional como “o cão de guarda do presidente”.
Daí, a recompensa com o cargo de conselheiro por dois anos e um polpudo salário mensal bruto de R$ 27 mil.
E o que Marun deve fazer na usina hidrelétrica binacional, situada no rio Paraná, região de fronteira do Brasil com o Paraguai?
“A Itaipu possui um Conselho de Administração composto por doze conselheiros, seis deles brasileiros e seis paraguaios, e dois representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, um de cada país. O Conselho de Administração reúne-se a cada dois meses ou em convocação extraordinária”, diz trecho da cartilha funcional da usina que fornece energia para o Brasil e o Paraguai e é conhecida como “a maior geradora de energia limpa e renovável do planeta”.
A empresa emprega em torno de 3 mil funcionários. Dois diretores comandam a usina – Marcos Vitório (brasileiro) e José Alberto Alderete Rodriguez (paraguaio), cujos salários de cada um beiram a casa dos R$ 70 mil.
Ou seja, Marun foi premiado com uma espécie de emprego dos sonhos, afinal, participar de uma reunião a cada 60 meses e ainda receber por isso R$ 27 mil por mês, é vantagem de poucos.
QUESTÃO POLÍTICA
Mas o já ex-ministro – a exoneração dele foi publicada no Diário Oficial da União – deve, ainda, se quiser manter o emprego, recorrer a uma articulação política com o novo presidente.
Bolsonaro avisou e isso será feito por meio de lei que sua equipe vai rever todos os ato de Michel Temer nos dois últimos meses. E, se entender necessário anunciou que pode “desnomear” os nomeados pelo presidente.
Para assumir o ministério na gestão de Temer, Marun abriu mão do mandato de deputado federal pelo MDB de Mato Grosso do Sul e não quis disputar à reeleição.
Engenheiro Civil e advogado, fora do ministério ele ficaria sem apoio político para ocupar algum cargo importante. Aqui em MS, seu principal aliado, o ex-governador André Puccinelli (MDB) foi preso por corrupção e também se distanciou do meio político e, diante dos processos aos quais responde dificilmente retomará a carreira.
Marun disse que é intenção dele atuar daqui em diante, além de conselheiro da Itaipu Binacional, o de trabalhar na área da advocacia.