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Política

06/05/2021 12:00

Bolsonaro ataca China e País asiático 'corta' vacinas para o Brasil

Em mais um episódio de declarações estapafúrdias, o chefe do Executivo causou constrangimento internacional e Butantan teme falta de insumos

O Instituto Butantan afirmou nesta quinta-feira (6) que as declarações do presidente Jair Bolsonaro  com críticas à China afetam a liberação de insumos pelas autoridades daquele país. Isso significa que o constrangimento internacional pode 'cortar' o número de vacinas fabricadas no país.

De acordo com o Valor Econômico, o governador João Doria (PSDB), em evento para liberação de lote de cerca de 1 milhão de doses da Coronavac, também disse que as afirmações geraram mal-estar na diplomacia chinesa.

Em um novo ataque à China, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu na quarta-feira que o país asiático teria se beneficiado economicamente da pandemia e afirmou que a covid pode ter sido criada em laboratório — ecoando tese que não encontra respaldo em investigação da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre as possíveis origens do vírus.

"Todas as declarações neste sentido têm repercussão. Nós já tivemos um grande problema no começo do ano e estamos enfrentando de novo esse problema", disse Dimas Covas, diretor do Butantan. “Embora a embaixada da China no Brasil venha dizendo que não há esse tipo de problema, mas a nossa sensação de quem está na ponta é que existe dificuldade, uma burocracia que está sendo mais lenta do que seria habitual e com autorizações muito reduzidas.”

Dimas Covas explicou que a próxima liberação de insumos teve a data de autorização adiada do dia 10 para o dia 13. O volume inicial seria de 6 mil litros, agora a expectativa é de 2 mil litros. Para ele, as mudanças não são da produção da Sinovac e, sim, determinadas pelas autorizações das autoridades chinesas.

"Pode faltar [insumos]? Pode faltar. E aí nós temos que debitar isso principalmente ao nosso governo federal que tem remado contra", disse Covas.

Ele acrescentou ainda que há várias informações mentirosas e mirabolantes no discurso do presidente, citando que teria havido uma fabricação do vírus.

“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano [que] ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?”, disse o presidente em evento no Palácio do Planalto, em Brasília. “Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês.”

 

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