Nesta semana, a bancada do Partido dos Trabalhadores da Câmara dos Deputados foi ao STF (Supremo Tribunal Federal) cobrar o afastamento do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, investigado sob suspeita de participação em um esquema de corrupção ligado à exportação ilegal de madeira.

Além disso, desde o ano passado, a comissão externa de queimadas e biomas da Câmara dos Deputados, a qual o deputado Vander Loubet, do PT de Mato Grosso do Sul, fazia parte, recomendou em relatório final que o MPF (Ministério Público Federal) investigasse Salles por improbidade administrativa, diante da inércia das queimadas do Pantanal e Amazonas.

Vander foi um dos parlamentares que ainda em 2020 disse que a permanência do ministro no cargo traria prejuízos ao país. 

O deputado Dagoberto Nogueira (PDT) também argumentou que o ministro estava no cargo errado, já que não tem conhecimento, não é preparado e não gosta do meio ambiente.

Em comentário passado sobre a gestão do meio ambiente, Fábio Trad (PSD) chegou a afirmar que a politica ambiental do país é negacionista e que a manutenção no cargo de Ricardo Salles “só contribui para que continue a impressão de descompasso entre o que se diz e o que se faz”.

Deputados estaduais também criticam

Semana passada, o deputado estadual Pedro Kemp também falou sobre a notícia crime montada pelo partido e o risco de o ministro obstruir investigações em curso por ainda estar no cargo. "Considerado por ambientalistas especializados do Brasil e do mundo como um dos maiores inimigos globais do meio ambiente, pesam contra ele denúncias de desmonte da política ambiental brasileira, mediante o enfraquecimento dos órgãos de proteção e fiscalização do meio ambiente desde o início do governo Bolsonaro.”

Segundo investigações da Polícia Federal, Salles pode estar ligado a madeireiros e grileiros. Ele é apontado como facilitador de um esquema de madeira ilegal aos Estados Unidos, que teria acarretado movimentações financeiras atípicas de R$ 14 milhões em seu escritório de advocacia. 

O deputado estadual Eduardo Rocha (MDB) afirmou que o delegado do Amazonas foi afastado e para ele, isso significa que alguma autoridade maior está a frente dessa destruição do meio ambiente. “Tem gente maior e protegendo o que está acontecendo de mal ao nosso meio ambiente do país. Está na hora de demitir esse ministro.”

O pedido de afastamento

O pedido da bancada do PT vai ser analisado pelo ministro Alexandre de Moraes, que autorizou buscas contra Salles na Operação Akuanduba, aberta da Polícia Federal no dia 19 de maio. Moraes também mandou desarquivar uma notícia-crime que atribui ao ministro os crimes de prevaricação, advocacia administrativa e de responsabilidade na reunião ministerial em que ele sugeriu aproveitar a pandemia para 'passar a boiada' em medidas regulatórias. 

Moraes também afastou do cargo o presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim.

O PT afirma que o desmonte da política ambiental brasileira, enfraquecimento dos órgãos de proteção e fiscalização do meio ambiente e mais essa investigação de esquema criminoso são motivos suficientes para o afastamento de Salles.