Minutos após declarar que “não há fome no Brasil”, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) recuou e afirmou que “alguns passam fome”. O chefe do Palácio do Planalto considerou a realidade inaceitável, pois o país tem, segundo ele, água em abundância e terras “agricultáveis” maiores do que Israel.
A polêmica começou na manhã desta sexta-feira (19), após café da manhã com jornalistas estrangeiros. “Não se vê gente, mesmo pobre, pelas ruas, com físico esquelético”, afirmou. Depois, ao participar de evento no Ministério da Cidadania em homenagem ao Dia Nacional do Futebol, Bolsonaro remediou a declaração. Irritado com o questionamento de jornalistas, o chefe do Executivo esclareceu a fala.
“O brasileiro, de maneira geral, come mal, alguns passam fome. É inaceitável que um país como o nosso, com as nossas riquezas, com grandes solos passíveis de serem produtivos, a gente tenha alguém que passe fome”, explicou. O presidente se irritou com as críticas. “Pelo amor de Deus, se for para entrar em detalhes, eu vou embora. Eu não tô vendo nenhum magro aqui. Temos problemas no Brasil, temos, não é culpa minha, vêm de trás. Vamos tentar resolver”, concluiu.
Críticas à bolsas assistenciais
Bolsonaro criticou políticos que usam a fome em discursos e os chamou de “populistas”. “O Brasil é um país rico para praticamente qualquer plantio. Fora que passar fome no Brasil é uma grande mentira”, pontuou. Segundo o mandatário da República, o brasileiro pode até passar mal por não comer bem, mas “passar fome, não”. E frisou que a situação brasileira não é igual à de outros “países pelo mundo”.
De acordo com o titular do Planalto, desde o governo Fernando Henrique Cardoso, e depois com o Partido dos Trabalhadores, foi adotada a ideia de que a distribuição de riquezas é “criar bolsas”. “É o país das bolsas. O que faz tirar o homem ou a mulher da miséria é o conhecimento”, salientou.
O presidente defendeu ainda que “os políticos que criticam a fome no Brasil têm que se preocupar e estudar um pouco mais as consequências [de dar bolsas]”. Para Bolsonaro, a fome é combatida de outra forma. “É o conhecimento que tira as pessoas dessa realidade, não programas assistenciais e bolsas. Viramos por um tempo o país das bolsas”, concluiu.