A senadora Soraya Thronicke (União) engrossou a voz contra o ex-aliado, presidente Jair Bolsonaro (PL), por tentar se descolar da imagem do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que reagiu a uma ação da Polícia Federal com tiros de fuzil e granadas.
Isso porque, durante o cumprimento de mandato da PF na casa de Jefferson, Bolsonaro interferiu na atuação da equipe ao enviar o ministro da Justiça, Anderson Torres, ao local. Mas, após criticar o STF (Supremo Tribunal Federal), disse que o aliado merecia tratamento de bandido.
Em vídeo, Bolsonaro disse: "como determinei ao ministro da Justiça, Anderson Torres, Roberto Jefferson acaba de ser preso. O tratamento dispensado a quem atira em policial é o de bandido. Presto minha solidariedade aos policiais feridos no episódio."
Depois disso, Soraya rebateu e criticou a postura do presidente e Jefferson. "A intervenção do Poder Executivo no episódio de hoje com Roberto Jefferson foi gravíssima. Maculou o local do crime, permitiu tempo para destruição de provas antes da busca e apreensão, subjugou o Poder Judiciário, enfim… Isso é inaceitável em um país que se diz democrático".
Em outro post, a senadora ousou a dizer que a imagem de Bolsonaro junto a Jefferson não será apagada. "Nenhum vídeo vai apagar o que aconteceu até agora. Alianças, apoios, ataques, tiros, granadas, envio do Ministro da Justiça… as coisas não 'desacontecem'…"
Aliado de Bolsonaro
Conforme o G1, Roberto Jefferson chegou no início da madrugada desta segunda-feira (24) ao Presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio, cerca de 14 horas após receber voz de prisão da Polícia Federal. Havia a previsão de transferência, ainda nesta segunda, para Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó.
Do ataque aos agentes, por volta das 11h de domingo, à chegada a Benfica, à 1h15 desta segunda, foram 14 horas de tensão.
Políticos de MS
Alguns políticos de Mato Grosso do Sul repudiaram todo o ato, com críticas à postura de Bolsonaro.
"O indivíduo ofende uma ministra chamando-a de prostituta arrombada por conta de uma decisão. Depois, atira com fuzil em policiais e lança granadas na equipe da PF. Detalhe: estava em regime de prisão domiciliar. Banditismo político puro. Gravíssimo!", diz o deputado Fábio Trad (PSD).
Já o bolsonarista, deputado Luiz Ovando (PP), disse que "os fatos devem ser apurados". "Não podemos ser coniventes com ações de ódio e agressão realizadas por meio eletrônico ou presencial a pessoas, ou instituições. Não admitiremos que nenhum lado atente contra a democracia e a nossa Constituição. Que se apurem os fatos e as devidas medidas sejam tomadas."
A senadora eleita, Tereza Cristina (PP), evita entrar em assuntos polêmicos. Ela apenas compartilhou o vídeo de Bolsonaro sobre o caso.