A primeira-dama afastada, Andréia Olarte, deve negar a participação em crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e falsidade ideológica durante depoimento que está sendo prestado na sede do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), na manhã desta sexta-feira (19).
Ela chegou por volta das 8h23, em uma viatura do Gaeco, e não falou com a imprensa, mas o advogado Jail Azambuja adiantou que sua cliente deve alegar inocência diante dos investigadores e o filho do casal, um rapaz de 22 anos que também compareceu à instituição, servirá como testemunha no caso.
“O objetivo dela vir aqui foi esclarecer todas as acusações que estão na investigação. Há muitos imóveis adquiridos há muitos anos, na década de 2000, e outros bens recentes. Não existe lavagem de dinheiro. Ela vai esclarecer tudo isso aqui no depoimento”, explicou Azambuja.
O advogado revelou surpresa ao ser informado que o STJ (Supremo Tribunal de Justiça) negou o pedido de habeas corpus impetrado pela defesa na última terça-feira (16). No entanto, ele descarta um novo recurso já que a prisão temporária vence a meia-noite de hoje (19), caso não seja convertida em prisão preventiva.
Até o momento, não há informações se o MPE (Ministério Público Estadual) vai pedir a prorrogação da prisão. Independente disso, o advogado alega que a detenção é ilegal e desnecessária, pois as investigações estão apenas no início. “O ordenamento jurídico fala em prisão [somente] depois da condenação”, enfatiza.
Gilmar e Andreia estão presos desde segunda-feira (15), quando foi deflagrada a Operação Pecúnia. Na ocasião, Andreia foi encaminhada para o presídio feminino, mas a defesa solicitou que ela ficasse em uma delegacia por se tratar apenas de prisão temporária, momento em que ela foi transferida para a Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico).
Na delegacia, Andreia passou mal por causa do odor de entorpecentes que ficam alojados nas dependências da unidade e teve que ser encaminhada para um hospital da Unimed. Após atendimento clínico, que foi efetuado pelo médico e vereador Jamal Salem, ela foi transferida para a sede do Garras (Delegacia de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros), para onde deve retornar após o depoimento.
As investigações tiveram início a partir dos dados obtidos com a quebra do sigilo bancário de Andréia Olarte e de sua empresa, a Casa da Esteticista. De acordo com o MPE (Ministério Público Estadual), entre os anos 2014 e 2015, enquanto Gilmar ocupava o cargo de prefeito, “sua esposa adquiriu vários imóveis na capital, alguns em nome de terceiros, com pagamentos iniciais em elevadas quantias, fazendo o pagamento ora em dinheiro vivo, ora utilizando-se de transferências bancárias e depósitos, os quais, a princípio, são incompatíveis com a renda do casal”.
Além do casal, foram detidos Evandro Simôes Farinelli e Ivamil Rodrigues de Almeida. Segundo o MPE, Andréia e Gilmar contaram com a ajuda de Ivamil, “corretor de imóveis e braço direito do casal nas aquisições imobiliárias fraudulentas” e Evandro, “pessoa que cedia o nome para que as aquisições fossem feitas em nome de Andreia Olarte”.