O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que a decisão sobre realização ou não de aborto deve ser da mulher. A declaração foi dada em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta sexta-feira (1º). O vice, que assumiu o cargo interinamente duas vezes no primeiro mês de governo, também afirmou que tem um estilo "totalmente diferente" de Jair Bolsonaro e que pode cooperar com o presidente para "baixar as tensões" em áreas mais sensíveis.
Ao defender o debate sobre temas de gênero, classificados por ele como uma questão de saúde pública, Mourão defendeu a realização de discussões sobre o aborto.
— A questão do aborto também é algo que tem que ser bem discutido, porque você tem aquele aborto onde a pessoa foi estuprada, ou a pessoa não tem condições de manter aquele filho. Então talvez aí a mulher teria que ter a liberdade de chegar e dizer "preciso fazer um aborto".
Questionado se defende o aborto também no casos em que a mulher não tem condições de criar o filho, o vice-presidente concordou:
— Minha opinião como cidadão, não como membro do governo, é de que se trata de uma decisão da pessoa — disse, ao afirmar que poderiam ser ampliadas as possibilidades de aborto previstas na legislação brasileira— hoje só é permitido em casos de estupro e fetos anencéfalos ou para salvar a vida da gestante.
Na entrevista, Mourão ainda foi questionado sobre reportagem da revista Época em que indígenas afirmam que a filha adotiva da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, teria sido retirada de aldeia sem autorização. O vice-presidente respondeu que não tem elementos para comentar o tema, porque não leu o texto. Ele ainda defendeu a ministra:
— A ministra Damares tem me causado uma excelente impressão, porque é uma mulher de posições bem definidas, firmes, ela não se apavora com as coisas. Então, essa questão de adoção em área indígena sempre tem ruídos. Se a moça está feliz com ela, se a menina está feliz com ela acho que é o mais importante.
Sobre a atuação como um "mediador" dentro do governo, ele afirmou que "pela minha vivência, eu posso cooperar com o presidente para baixar as tensões".