A deputada federal e futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), disse, em entrevista ao Jornal O Globo, que pode abrir novas fronteiras para exploração agrícola no país. Um dos locais está na região que faz divisa entre os estados do Maranhão, Tocantis, Piauí e Bahia, conhecido como Matopiba.
"Eu acho que tem algumas novas fronteiras em que talvez precise, mas dentro do Código Florestal. Temos lá o Matopiba (área entre o Maranhão, o Tocantins, o Piauí e a Bahia) começando, e é uma nova fronteira", afirmou.
Ela ainda falou sobre alguns impedimentos do Código Florestal. "Quando está no Código que em determinados biomas você pode utilizar 80% (do terreno), em outros 50% e em outros 20%, por que tem que impedir essa pessoa chegando agora nessas fronteiras agrícolas? Custa muito caro desmatar. Ela vai precisar usar tecnologia, ver se dá resultado e cumprir todos os requisitos do Código e as licenças pedidas. Hoje, quem for abrir áreas novas tem que ser dentro da legalidade".
Tereza Cristina também apontou supostos excessos de multas ambientais aplicadas. "Fico com muita pena, principalmente, dos pequenos. Porque o grande produtor, quando faz, ou ele faz certo, ou ele não faz porque não quer fazer. Mas o pequeno, às vezes, não tem noção. Tem um assentamento com produtores de 15, 20 hectares, que estavam recebendo multas de R$ 14 mil, R$ 15 mil. Eles não conseguem pagar isso. Por quê? Eles não têm noção de que para arrancar uma árvore esparsa é preciso requerer alguma licença. Antes de você ir ao campo e multar, é preciso explicar o que está acontecendo, dar uma notificação e, se depois ele incorrer de novo, haverá uma infração. Há abusos e excessos. Tem muitas multas descabidas".
A deputada reeleita ainda fala sobre como vai ser a sua relação com o Ministério do Meio Ambiente. "É uma área que a gente tem que desmistificar. Nós temos um Código Florestal que é uma joia da coroa e, às vezes, queremos legislar contra ele. Isso não pode. Se o Ministério do Meio Ambiente assumir o Código Florestal votado pelo Congresso e referendado pelo Supremo, não haverá problema nenhum".
Agricultura Familiar
Ao ser questionada se há risco de a agricultura familiar perder importância na gestão de Jair Bolsonaro, Tereza Cristina afirmou que não. "De jeito nenhum. Se eu estiver lá, com certeza vamos tratar desse assunto com a maior seriedade e com a maior boa vontade, porque a grande agricultura só precisa de políticas públicas e de crédito e seguro".
E continuou: "já a agricultura familiar, não. Nós temos que fortalecer. São os pequenos agricultores que podem responder cada vez mais pela produção de alimentos, produzir mais e vender mais, até para fora. O presidente é muito focado em trazer tecnologia de irrigação que se usa hoje em Israel para os pequenos produtores do Nordeste".