O panorama do feminicídio em Mato Grosso do Sul é assustador, com pelo menos cinco mortes de mulheres e dez tentativas de assassinato somente nos primeiros dois meses deste ano. Em 2017, foram registradas 28 mortes e 58 tentativas, totalizando 86 denúncias do crime em todo o Estado.
Os dados fazem parte do projeto Menina dos Olhos, coordenado pela promotora Luciana do Amaral Rabelo e disponibilizado publicamente pelo portal do MPE (Ministério Público Estadual). Segundo o relatório, das 86 denúncias registradas no ano passado, 20 foram aceitas como feminicídio consumado e 36 como feminicídio tentado.
Os números diminuem porque alguns dos casos são desqualificados durante o processo, ou seja, o réu deixa de ser indiciado por feminicídio e passa a responder por estupro, lesão corporal, ameaça ou homicídio. Também ocorre a morte do autor durante o processo, em geral por suicídio.
De acordo com o levantamento, cinco homens cometeram suicídio logo após o crime e um durante o processo em 2017. Os casos ocorreram em Campo Grande, Nioaque, Novo Horizonte, Ribas do Rio Pardo e Costa Rica. Neste ano, dois autores também se mataram antes do julgamento, sendo um em Nova Alvorada do Sul e outro em Três Lagoas.
Chama a atenção ainda que 39% dos crimes analisados, durante o ano passado, ocorreram na residência do casal, 29% em local público e 21% em casa exclusiva da vítima. Aldeias indígenas (7%) e zona rural (4%) completam a lista.
Ainda 57% das mortes e tentativas foram realizadas por arma branca como faca, facão ou garrafa de vídeo, 21% por arma de fogo, 18% por agressões múltiplas como uso de barra de ferro, madeira, entre outros, e 4% por estrangulamento ou esganadura.