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Polícia

11/09/2018 09:30

Três meses após sargento ser fuzilado, polícia mantém sigilo no inquérito e não apresenta suspeitos

Ele foi executado com cerca de 20 tiros de fuzil em junho deste ano

As informações sobre os suspeitos de fuzilarem o sargento aposentado da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Ilson Martins de Figueiredo, 62, seguem restritas. Conforme o delegado Marcio Shiro Obara, da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), por enquanto, o caso segue em sigilo para não atrapalhar as investigações da polícia.

“Estamos investigando, não podemos passar maiores informações sobre os fatos, mas estamos trabalhando no caso”, disse a autoridade.

Ilson foi assassinado com cerca de 20 tiros de fuzil no dia 11 de junho deste ano, há três meses, na Avenida Guaicurus, na Capital. Ele chefiava a segurança da Assembleia desde 2015. O sargento estava em um veículo que foi cercado por pistoleiros, que realizaram os disparos. Figueiredo morreu no local.

Ilson foi assassinado com cerca de 20 tiros de fuzil.

(Local onde o PM morreu. Foto: Anna Gomes)

Passado do sargento

O PM movia, desde o ano passado, em 2017, uma ação indenizatória contra o Estado, em que pedia em torno de R$ 200 mil. Em agosto de 1982, Figueiredo, então cabo da PM, dois soldados e outro cabo, foram presos suspeitos de assaltar um posto de gasolina, uma casa lotérica e de matar duas pessoas.

Quinze dias depois das prisões, contudo, um homem foi capturado pela Polícia Civil e confessou os crimes, antes atribuídos aos militares em questão. Daí o sargento, que a partir de 2015 passou a chefiar o departamento de segurança da Assembleia Legislativa, foi posto em liberdade.

Ocorre que em março de 2015, Figueiredo e a família viajavam e, numa barreira policial, foram parados. Havia no cadastro do Sigo (Sistema Integrado de Gestão Operacional), onde consta a relação de pessoas encrencadas judicialmente, o nome do militar.

De acordo com o processo de ação indenizatória, assinado pelos advogados Elenice Pereira Carrile e Jorge Luiz Martins Pereira, o Sigo mencionava o processo contra Figueiredo “em aberto”, ou seja, como se ele ainda respondesse pelo crime de 1982.

À época, o jornal impresso de Campo Grande, o Diário da Serra, já extinto, noticiou a prisão de Figueiredo:

“Dois cabos e dois soldados da Polícia Militar são os autores dos assaltos a mão armada ao Posto Imbirussu [Jardim Leblon], de onde levaram trinta mil cruzeiros, casa Lotérica localizada na rua 14 de julho, proximidades do prédio do Comando de Policiamento da Capital, levando a quantia de 300 mil cruzeiros”.

De acordo com o jornal, a informação foi repassada à imprensa, na época, pelo coronel José Maria de Paula Pardo, então comandante da PM de MS. 

Pela reportagem, foram detidos, além de Ilson Figueiredo, os soldados Leonildo Pereira da Silva, Edson José Fernandes, e o então cabo da PM, Fernando Pachal.

Ilson foi assassinado com cerca de 20 tiros de fuzil.

Conforme o processo que pede a indenização, “o autor [Ilson  Figueiredo], quanto seus colegas de farda, foram execrados e humilhados publicamente, inclusive sendo atribuídos aos mesmos dois assassinatos".

Ainda segundo o processo “em consequência, tanto o autor quanto seus colegas citados, foram sumária e arbitrariamente expulsos e excluídos da Polícia Militar, permanecendo todos presos, sofrendo todo tipo de pressão, inclusive físicas para confessar o que não haviam cometido”.

Três semanas depois de detidos, a Polícia Civil prendeu um certo José Alcebíades, conhecido como pastor e que seria um latrocina [matava para roubar] e que confessou os crimes que tinham levado os militares para a prisão.

O crime

Ilson dirigia uma camionete Sportage de cor branca, quando teria sido cercado por uma caminhonete Toro de cor vermelha, onde os ocupantes dispararam vários disparos contra o policial, que perdeu o controle do carro e bateu contra o muro de uma empresa.

Logo depois, o veículo supostamente o usado pelos atiradores, foi localizado em  chamas, noutra região da cidade, a Lagoa Dourada. Figueiredo tentou reagir ao ataque e pegou sua arma, dentro do carro, mas não conseguiu atirar nem sequer uma vez.

Ilson foi assassinado com cerca de 20 tiros de fuzil.

(Carro usado por atiradores foi achado queimado logo depois do crime. Foto: Anna Gomes)

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