O promotor da Infância, Adolescência e Juventude, Sérgio Harfouche, afirmou ao TopMídiaNews que acredita que os dois homens que cometeram o crime que culminou com a morte do adolescente Wesner Moereira, de 17 anos, devem responder homicídio doloso por dolo eventual/indireto, já que assumiram o risco de morte ao colocar uma mangueira de alta pressão no ânus do jovem. Ele, ícone da defesa dos direitos de crianças e adolescentes no País, afirma que a dupla deveria estar 'atrás das grades',
Thiago Giovanni Demarco Sena, 20 anos, dono do lava jato, e Willian Henrique Larrea, 30 anos, foram ouvidos pela Depca, mas a Justiça negou o pedido de prisão, pois, de acordo com o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal de Júri da Capital, a autoridade policial não trouxe “fundamentação quanto à concreta necessidade da prisão preventiva dos envolvidos”.
Harfouche destaca que acredita que tanto Thiago como Willian tinham noção do que estavam fazendo, já que conhecem o equipamento que machucou a vítima. "Eles conhecem o equipamento, tem plena noção do estrago que aquilo pode fazer, já que se trata de uma mangueira de alta pressão. O dolo indireto é quando não tem intenção, mas assume o risco de morte, que foi o que aconteceu nesse caso. Eles assumiram esse risco".
Questionado sobre as alegações dos acusados, que disseram que tentavam fazer uma "brincadeira" com Wesner, o promotor afirma que 'ninguém tem o direito de sair brincando por ai, com a possibilidade de matar alguém'. "Eles falam em brincadeira, ninguém pode sair por ai brincando com alguém com o risco de morte, sair por ai fazendo esse tipo de brincadeira que eles tanto alegam, ainda mais com um equipamento que era utilizado no dia a dia deles, que tinham pleno conhecimento do estrago que aquilo pode fazer".
Harfouche afirma que acredita que o caso deveria ir a júri popular. "Eu atuei por mais de quinze anos no júri e minha opinião é que esse caso deveria ir para júri popular, a população deveria decidir este caso, decidir se são condenados, absolvidos ou se volta para a justiça comum. A Constituição Federal defende que em caso de dúvida, prevalece o interesse da sociedade, foi um caso com morte".
Sobre a justiça manter os suspeitos em liberdade, o promotor defende que eles deveriam aguardar a decisão atrás das grades. "Não conheço as circunstâncias, mas se existem elementos concretos, os elementos deixam claro a autoria do crime, temos a autoria e materialidade do caso comprovada, quem é réu deve aguardar a decisão preso e não solto. Não temos vaga, mas o correto seria ter no Brasil 2 milhões de vagas, porque dessa forma que estamos hoje, com a possibilidade de traficantes serem soltos devido a lotação nos presídios, é o cidadão de bem que fica enclausurado".
A polícia pediu esclarecimentos sobre alguns pontos do laudo e aguarda resposta do Imol (Instituto Médico de Odontologia Médica), para definir se o crime será tratado como homicídio doloso ou lesão corporal dolosa.