Professor universitário de Direito Penal, o advogado de 35 anos, preso na Operação “Deep Caught 3” declarou, em depoimento, que baixava os arquivos de pedofilia para realizar um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) sobre o tema.
Ele alega que descobriu palavras-chave para a busca assistindo televisão e baixou um programa de computador para acessar os vídeos, pois não sabia acessar a deep web (internet profunda). A pesquisa teria sido realizada entre 2018 e 2019.
Questionado sobre arquivos recentes, o advogado alega que não sabia que os vídeos eram compartilhados com outros usuários e que o programa baixou esses arquivos sozinho. Também disse que o computador ficou lento e, por isso, desinstalou o programa.
No notebook dele, a polícia encontrou mais de 100 vídeos de materiais pornográficos envolvendo crianças e adolescentes, totalizando mais de 100gb de arquivos. Sobre isso, o professor afirma que esqueceu da pasta quando parou de pesquisar o TCC.
Um depoimento especial foi adicionado ao inquérito, em que o advogado é acusado de pedir aos filhos, de 2 e 10 anos, para usarem roupas curtas e apertadas para gravação. Neste caso, o advogado nega todas as acusações.
Ele foi preso no bairro Bom Jardim, em Campo Grande, na manhã desta quinta-feira (29), em operação deflagrada pela DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente). Ele tinha uma pistola .40, que informou ser do tempo em que atuou como policial militar.
A Operação
A Operação “Deep Caught 3” se refere ao trabalho investigativo realizado pela Polícia Civil no ambiente da Deep Web (locais de difícil acesso da internet) e com a consequente localização e captura de autores de crimes praticados contra crianças e adolescentes.
Durante as buscas, os policiais localizaram materiais contendo pornografia infanto-juvenil. Os acusados devem responder pelo crime descrito no artigo 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente).
Segundo a DEPCA, a pena para quem armazena esse tipo de conteúdo varia de 1 a 4 anos de prisão, de 3 a 6 anos pelo compartilhamento e de 4 a 8 anos de prisão pela produção de conteúdo relacionado aos crimes de exploração sexual.
Os outros alvos foram: um sargento do Exército de 37 anos, preso no Lar do trabalhador; um empresário de 37 anos encontrado no Vilas Boas; e um técnico contábil de 34 anos, morador do bairro São Francisco. Todos os endereços são em Campo Grande.