A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou, nesta quinta-feira (28), a Operação Chiusura, que desmantelou uma sofisticada organização criminosa especializada em tráfico interestadual de drogas e lavagem de dinheiro com operação em vários estados, inclusive Mato Grosso do Sul.
Um dos alvos da investigação é Thiago Gabriel Martins da Silva, conhecido como "Thiaguinho do PCC" ou "Especialista", preso na Bolívia em 2023 e apontado como o autor intelectual e executor do assassinato do garagista Carlos Reis de Medeiros, o “Alma”, em Campo Grande (MS).
O crime ocorreu no fim de 2021, dentro de uma oficina na Avenida Gunter Hans, que estava registrada em nome de Thiago. Segundo as investigações, ele teria contado com a ajuda de funcionários para matar Carlos e ocultar o corpo. O garagista teria sido alvo da facção criminosa à qual Thiago pertence.
Em março de 2023, Thiago foi capturado pelas autoridades bolivianas em uma operação que interceptou duas aeronaves carregadas com cocaína nos municípios de Santa Ana de Yacuma e Santa Rosa, no departamento de Beni. Na ocasião, ele portava munições de fuzil, granadas e usava colete à prova de balas. Em um dos aviões, foram encontrados 406 quilos de cocaína camuflados em embalagens semelhantes a tijolos. A carga seria enviada ao Brasil.
Mesmo preso, Thiago continuava exercendo influência dentro da facção. De acordo com a PCDF, seus familiares em Mato Grosso do Sul eram utilizados como testas de ferro para lavar o dinheiro do tráfico. Ele também mantinha vínculos com integrantes da organização em Maceió (AL) e no Distrito Federal.
A Operação Chiusura — termo italiano que significa "fechamento" — é considerada o encerramento de um ciclo criminoso de longa duração. Foram cumpridos 19 mandados de prisão temporária e 80 de busca e apreensão em 10 estados. Em Campo Grande, equipes da PCDF atuaram com apoio da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul (PCMS). O suplente de vereador Ronaldo Cardoso, 45 anos, foi preso.
A quadrilha investigada ostentava uma vida de luxo, com imóveis de alto padrão, veículos caros e movimentações financeiras milionárias. Parte do dinheiro era lavado por meio de empresas de fachada registradas em Goiás e ligadas a um núcleo familiar, inclusive com uso de documentos falsos. Um dos integrantes, de apenas 19 anos, chegou a ser nomeado assessor parlamentar na Câmara Municipal de Goiânia.
O esquema criminoso também foi responsável por enviar toneladas de entorpecentes a partir de áreas de fronteira, como a Bolívia, para diversos estados brasileiros. A atuação envolvia núcleos articulados no DF, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Nordeste, incluindo o uso de caminhões com compartimentos ocultos e aeronaves.