A artista mineira Alessandra Cunha classificou como 'absurda' a apreensão de seu quadro, intitulado 'pedofilia'. Ela disse que a perseguição à exposição é porque o quadro incentiva o pensamento crítico na sociedade. A obra foi levada para a Delegacia da Criança e do Adolescente, após queixa de incentivo à pedofilia, nesta quinta-feira (14).
(Mesmo após polêmica, exposição no Marcdo recebe visitas)
A artista, que se apresenta como o nome de Ropre, diz que sua intenção foi lançar algumas ideias e questionar o machismo, o domínio errado dos homens e a própria pedofilia.
Ropre acredita que o título da obra 'pedofilia' é que fez chamar a atenção dos deputados, e não as imagens em si. No quadro, uma menina pintada de rosa está no meio de dois homens com o pênis de fora e próximo a ela.
''Só porque tem aquela palavrinha lá, acham que é um incentivo. Meu Deus, a coisa é tão tabu, que a gente não pode nem escrever o termo [pedofilia]''. ''Se o título fosse outro...'', refletiu''.
(Artista diz que quadro só foi apreendido por se chamar 'pedolifia' - Foto: Reprodução)
Embora a exposição 'Cadafalso' tenha gerado polêmica, a artista disse que ainda não foi contatada por nenhuma autoridade do estado.
Sobre a polêmica, a pintora diz que é óbvio que os parlamentares do estado se aproveitaram da polêmica do caso Santander Cultural, em Porto Alegre.
''Minhas obras estavam expostas desde julho, e só ontem perceberam?'', questionou.
Reflexão
Alessandra disse que, se há algo de positivo nessa história, é que o quadro gerou polêmica justamente porque faz as pessoas pensarem, algo que incomoda os conservadores.
''De certa forma isso foi positivo sim. Serviu para aguçar. Faz parte, é vida que segue'', concluiu Cunha.