Um professor de Geografia que estava no ônibus e se comunicou com policiais por mensagens disse que o sequestrador estava calmo e falou que queria entrar para a História. William Augusto da Silva anunciou que não pretendia assaltar nem agredir ninguém, conta Hans Miller Moreno, de 34 anos. O sequestrador do coletivo que parou a Ponte Rio-Niterói por mais de quatro horas e manteve 37 pessoas como reféns, foi morto enquanto voltava para o veículo por um sniper posicionado no local.
"Ele anunciou que o ônibus estava sendo sequestrado, mas falou que não queria agredir ninguém, que não queria os nossos pertences. Só falou que no final do dia a gente iria ter muita história pra contar", disse Hans Moreno.
Segundo o professor, William aparentava estar muito calmo. "Ele portava uma faca tática, uma arma taser e um coquetel molotov", acrescenta.
Assim que entrou no veículo, o sequestrador passou um spray no para-brisa do ônibus, pegou uma faca e quebrou a câmera do veículo. "Todo mundo pensou que era assalto. Todos começaram a tentar esconder carteira e celular", diz Hans.
Por causa da tinta, algumas pessoas passaram mal. William chegou a pedir água a pessoas de fora do ônibus para essas pessoas.
William ficou o tempo todo na parte da frente do veículo. O professor de Geografia conta que estava na penúltima fileira e conseguiu escrever mensagens para os policiais. As mensagens diziam: "Ele está em pé na frente" e "Ele está sentado na fileira".
"Coloquei dois avisos entre a cortina e o vidro", conta Hans. "Minha mão está suja porque quebrei uma caneta que tinha no bolso e passei a tinta no dedo", conta Hans. O sequestrador ordenou que os passageiros deixassem as bolsas no corredor e que as cortinas ficassem fechadas. William se comunicou com a polícia por um rádio. O sequestrador também pediu um celular com televisão para os passageiros para acompanhar a cobertura jornalística do sequestro.
O sequestrador também pediu que uma das passageiras atassem as mãos dos demais com uma braçadeira de plástico, mas alguns conseguiram se soltar e se comunicar com familiares. Uma outra passageira conta que o sequestrador dizia que ninguém iria se machucar, nem morrer. Ele disse que só ele sairia morto dali. Essa mulher, que não quis se identificar, desmaiou duas vezes com o nervosismo. Como ela estava sem bateria, não conseguiu falar com ninguém durante o sequestro.