Homem de 54 anos se apresentou à Polícia Civil na tarde desta segunda-feira (24), na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro, em Campo Grande. Ele é suspeito de atirar no filho de 28 anos, na tarde de sábado (22). Ele diz que baleou o filho em legítima defesa, já que ele estava em surto.
Conforme o depoimento, o autor diz que o filho morava com ele na casa onde o crime ocorreu, na Rua das Garças. No entanto, no sábado (22) ele teria ido até o local falar com o pai, dia depois de retirar pertences e móveis, pois havia ido morar com a mãe.
O jovem, diz o pai, estava tentando entrar na casa e aparentemente em surto. Ele conta que viu o filho pulando o muro e ficou com medo, por isso tentou atirou para cima e fazê-lo recuar, mas atingiu o tórax da vítima.
O pai diz que, após o tiro, entrou no prédio e fechou a porta. No entanto, a vítima teria conseguido quebrar a porta e entrou. Quando viu que o filho estava ferido, o pai teria pedido para uma funcionária chamar o socorro. Ele narrou também que o filho tentou pegar facas na cozinha e teria quebrado diversas coisas no imóvel.
Ainda segundo o suspeito, diante do contexto de uma ocorrência com arma e um ferido, achou que seria preso e, por impulso, fugiu, após o filho dizer que tinha acionado a polícia. Ele teria reforçado o apelo à secretária para acionar o socorro, saiu em uma camionete Hilux e a deixou em um lava jato.
Em seguida pegou um táxi e foi para Sidrolândia. Lá, ficou na casa de parentes e, no domingo, contratou um advogado.
Arma usada para atirar no filho. (Foto: Amanda Amaral)
A delegada Daniella Kades disse que, na versão do pai, o motivo da briga entre os dois não é sobre a suposta dívida de R$ 2 milhões, e que o relacionamento dos dois era muito turbulento.
''Parece que a relação de dinheiro entre pai e filho era que o filho não estava satisfeito com os direitos que ele tinha na empresa, queria sempre mais e um valor que desse para ir embora para São Paulo com a mãe'', informou Kades.
A delegada disse ainda que a mãe do rapaz possui uma medida protetiva contra o ex-marido na Delegacia da Mulher (Deam).
''Ele tem algumas passagens por violência doméstica, mas está separado da ex-mulher há 20 anos e não tem contato. Mas até agora só temos depoimentos dele e nada documental'', disse Kades.
O advogado José Roberto Rodrigues Rosa, que defende o autor, contou que o filho queria R$ 200 mil para cursar medicina no Paraguai, mais R$ 10 mil de pensão, algo que o pai teria negado. Ele recebia, diz Rosa, R$ 2.800 mensais como ajuda de custo, em tese, por ser funcionário da empresa familiar.
José Rosa vai aguardar sair o laudo da perícia sobre o ferimento do rapaz para estruturar a tese de legítima defesa. O suspeito não tinha permissão para utilizar a arma, de calibre .38. O item estava em inventário, seria herdada a ele e está com a polícia para ser periciada.
Ainda serão intimados a depor a mãe, o outro filho do casal, a secretária da empresa e um segurança, que seria funcionário antigo da família.
O crime
De acordo com o boletim de ocorrência, na tarde de sábado (22), o rapaz foi até a sede da empresa do pai, na rua das Garças e queria entrar no local. Ele não teria autorizado a entrada e o filho subiu no muro do prédio, atravessou uma marquise e conseguiu entrar no imóvel.
Ainda de acordo com o registro policial, o jovem entrou pelo corredor lateral, momento em que o pai abriu a porta da cozinha, que dá acesso ao corredor e armado com um revólver calibre 38 atirou no filho. Ele trancou a porta, pegou uma caminhonete Hilux e fugiu.
Uma testemunha, que trabalha na recepção da empresa, confirmou a versão da vítima e disse que durante a confusão, o atirador havia pedido a ela que chamasse a polícia.
O rapaz foi socorrido até a Santa Casa com um tiro no tórax, mas na manhã seguinte fugiu do hospital alegando demora no atendimento.
* Matéria editada às 13h38 de 3/10/24 para anonimização das partes.