Dois boletins de ocorrência de maus-tratos e duas oportunidades, mas, em nenhuma, Jean Carlos Ocampo levou a filha, Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos e 7 meses, ao IMOL (Instituto Médico Odontológico Legal) para exame de corpo de delito no ano passado. Ao menos, é o que alega a polícia.
Os exames serviriam para comprovar se a criança estaria sofrendo maus-tratos de Stephanie de Jesus da Silva, de 24 anos, e de Christian Campoçano Leitheim, de 25 anos.
"A criança não foi levada ao IMOL. Em nenhum dos dois casos", disse a delegada Anne Karine Sanches, titular da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente).
A delegada explicou, ainda, que houve a oportunidade do pai solicitar medida protetiva de urgência para evitar que a mãe estivesse ao lado da criança, mas que não foi adiante por entender que, naquele momento, não era necessário e não formalizou o pedido.
"Talvez diante daquele caso, da situação que ele vivenciava, ele não tinha elementos tão concretos para realmente afirmar que a criança estava passando por violência. Então ele não solicitou. Naquele momento, ele achava que não era necessário e ele não solicitou medidas protetivas", pontuou Sanches.
O primeiro boletim de ocorrência registrado pelo pai aconteceu no dia 31 de janeiro de 2022, onde ele comunicou que a criança estava passando por situação de maus-tratos e indicou como testemunha a avó materna. Em conversas com a familiar, o pai teria ouvido que Sophia estava sofrendo maus-tratos por parte da mãe.
Quando a avó materna foi intimada para prestar esclarecimento durante a instrução, desmentiu os fatos e disse que em momento nenhum teria proferido tais palavras. Ela acreditava que a Stephanie estava nervosa em virtude da gravidez, mas não confirmou as agressões.
Stephanie também foi ouvida devido à primeira ocorrência, mas negou os fatos e chegou a dizer que assistentes sociais foram até a casa e não constataram nada. A delegada então citou que foi, nesse momento, expedido a primeira requisição de exame de corpo de delito, concluindo o TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) e encaminhado ao Judiciário, em março do ano passado.
Durante o mês de outubro, aconteceu uma audiência preliminar e Jean disse que não estavam mais acontecendo os fatos e que, naquele momento, ele não queria dar prosseguimento, talvez por não vislumbrar que a criança estivesse sendo maltratada, conforme informou Anne Karine.
Segundo registro
No entanto, um mês após a situação ser aparentemente finalizada, no dia 22 de novembro, Jean retornou na Depca, dessa vez em companhia de Sophia para registrar o que seria o segundo boletim de ocorrência de maus-tratos contra Stephanie. A criança passou por depoimento especial, mas ela apenas disse seu nome e sua idade.
"O pai trouxe elementos, mas elementos que ele não imputava a mãe e não colocava ela como autora. Ele disse que acreditava que a criança estava passando por maus-tratos", finalizou a delegada.
Dessa forma, foi novamente expedido um exame de corpo de delito, e o pai não compareceu no IMOL para realizar os exames.