Oito pessoas foram presas pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (27) durante uma operação que tinha como objetivo desarticular uma quadrilha especializada no contrabando de cigarros e de agrotóxicos no Paraná e em outros quatro estados. A ação foi batizada de "Contaminatus". Segundo a PF, o grupo estava sediado em Guaíra, no oeste do Paraná, de onde os produtos trazidos ilegalmente do Paraguai eram distribuídos em especial para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
As investigações iniciadas em 2017 depois de duas apreensões que somaram cerca de 1 tonelada de agrotóxicos e dezenas de caixas de cigarros apontaram a existência de empresas de fachadas fundadas para expedir notas fiscais e assim dar uma aparência de legalidade ao transporte dos produtos contrabandeados.
De acordo com o delegado Jonathan Klock, uma das empresas tinha como endereço Curitiba e outra Sinop (TO). O delegado explicou que o produto trazido do Paraguai era reembalado em Umuarama, de onde seguia principalmente em vans para Sinop e de lá era distribuído para a região e outros estados. A polícia não soube informar quanto a quadrilha movimentou, mas disse que os carregamentos eram feitos semanalmente.
Mandados e prisões
No total, foram expedidos pela 1ª Vara Federal de Guaíra oito mandados de prisão preventiva – por tempo indeterminado – e 17 de busca e apreensão. Até o fim da manhã, um dos suspeitos, que mora no Pará, estava foragido. Um casal foi preso em Guaíra. Também foi preso um suspeito em Umuarama e outro em Mundo Novo (MS).
Dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Paraíso do Tocantins (TO), onde um homem - que não estava sendo investigado - foi preso em flagrante depois de os agentes encontrarem com ele uma escopeta e vários cartuchos de munição.
Ainda conforme a PF, os alvos terão bens, propriedades e contas bancárias indisponibilizados. A análise destas apreensões farão parte da segunda fase da operação, onde deverá ser investigado, entre outros, o crime de lavagem de dinheiro.
Crimes
Os suspeitos devem responder por organização criminosa, contrabando, descaminho e por crimes ambientais que envolvem a importação, comercialização, depósito, guarda e venda de substâncias nocivas à saúde humana e ao meio ambiente.
"Por isso a importância de se destacar que não se tratam apenas de crimes contra o fisco. O Brasil é um dos países que mais consome agrotóxicos por pessoa. A entrada e o consumo destes produtos certamente acarretou danos ambientais e para a saúde de muitas pessoas, assim como acontece com o cigarro já que o contrabando faz parte de uma cadeia de crimes contra o patrimônio e contra a vida", apontou o delegado.
A PF acredita que os compradores dos agrotóxicos sabiam que o produto era contrabandeado. Nestes casos, se comprovado o uso do produto proibido no Brasil, a lavoura pode ser inutilizada e o produtor também responder por crime ambiental.
Cinco estados
- De acordo com a PF, 80 agentes cumpriram mandados em oito cidades de cinco estados. São elas:
- Guaíra (PR) - três prisões e cinco mandados de busca e apreensão
- Curitiba (PR) - mandados de busca e apreensão
- Terra Roxa (PR) - mandado de prisão cumprido em São José do Rio Claro (MT)
- Umuarama (PR) - um mandado de busca e apreensão
- Mundo Novo (MS) - uma prisão e um mandado de busca e apreensão
- Sinop (MT) - duas prisões e quatro mandados de busca e apreensão
- Novo Progresso (PA) - um mandado de busca e apreensão e um mandado de prisão não cumprido
- Paraíso do Tocantins (TO) - dois mandados de busca e apreensão, uma prisão em flagrante por posse ilegal de arma e um mandado de intimação