A taxa de homicídios da população negra, a cada 100 mil habitantes, foi de 31,4 em Mato Grosso do Sul em 2014. A informação é do Atlas da Violência 2016, recém divulgado pelo Ipea (Instituto de pesquisa econômica aplicada). Com relação ao ano de 2013, o aumento foi de 8,9%. No geral, o índice é considerado mais do que preocupante. Na prática, a cada 100 mil habitantes negros no Estado, 31 perderam a vida assassinados.
“Um indivíduo afrodescendente possui probabilidade significativamente maior de sofrer homicídio no Brasil, quando comparado a outros indivíduos”, indica a pesquisa. Quanto aos jovens, a vitimização de pessoas negras chega a ser gritante. O Atlas afirma que a chance de um jovem negro ser assassinado no Brasil é 147% maior do que de outros jovens.
“Aos 21 anos de idade, quando há o pico das chances de uma pessoa sofrer homicídio no Brasil, pretos e pardos possuem 147% a mais de chances de ser vitimados por homicídios, em relação a indivíduos brancos, amarelos e indígenas”, afirma o documento.
Comparativo de mortes entre negros e não negros (foto: reprodução)
Em Mato Grosso do Sul, o assassinato de jovens, de modo geral, também aumentou entre 2013 e 2014, indicando um crescimento de 20,9%. Os pesquisadores do Ipea indicam que há uma relação entre o nível de escolaridade e os assassinatos, e explicam que as chances de um jovem com menor nível de escolaridade ser morto, em relação a um jovem que chega ao ensino superior, é 5,4 vezes maior.
A disparidade entre negros e brancos cursando o ensino superior ainda é grande, apesar do aumento registrado nos últimos anos. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que em 2001 havia uma porcentagem de 39,6 de jovens brancos na Universidade. Em 2011, por exemplo, a presença de jovens negros no ensino superior era de 35,8%, número menor do que a dos brancos em 2001.
Em todo o Brasil houve um aumento de mais de 18% no assassinato da população negra entre 2004 e 2014, enquanto para outras pessoas ocorreu uma diminuição, indicada pelo Atlas em 14,6%. Alagoas, por exemplo, chegou a registar 10,6 assassinatos de negros para cada não negro que sofreu homicídio.
Em vermelho, as mortes de negros se destacam dos outros índices (foto: reprodução)
O Mapa da Violência 2015, da Faculdade Latino-Americana de Estudos Sociais também trouxe dados que colocam uma disparidade entre o assassinato de mulheres negras e brancas. O número de mulheres negras mortas cresceu 54% em 10 anos (de 2003 a 2013), enquanto o número de mulheres brancas assassinadas caiu 10% no mesmo período.