O Ministério Público Estadual denunciou sete pessoas por formação de organização criminosa, referente a Operação Cérberus, desencadeada pela Polícia Federal em junho. O grupo também foi denunciado por tráfico de armas, drogas, lavagem de dinheiro e elaboração de duas tentativas de fuga do líder da organização.
Segundo a investigação, a partir do início de 2016 até o dia 13 de junho de 2017, em Três Lagoas e também em outras cidades do Estado, os denunciados Tiago Vinicius Vieira, Mayara Alves de Souza, Breno Fernando Solon Borges, Dário Aparecido Cunha de Almeida Júnior, Matheus da Silva Alves, Dayvidson Julio Lourival de Souza Oliveira, Thais Camila Gimenes da Costa e a pessoa identificada apenas como WL, promoveram, constituíram e integraram organização criminosa, estruturalmente ordenada, caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com emprego de arma de fogo em sua atuação, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, notadamente econômica, mediante a prática de infrações penais diversas, dentre as quais, comércio ilícito de armas de fogo, tráficos de drogas, lavagem de dinheiro e fuga de pessoa presa praticada a mão armada.
Tiago é apontado como líder da organização criminosa que era bem estruturada e dividida em funções. Ele repassava as ordens para os outros integrantes, de dentro da unidade prisional em Três Lagoas, inclusive conseguindo acesso a arma de fogo e celulares dentro do presídio.
Também foi levantado que Breno, Dário, Mayara, Matheus e Dayvidson reuniram-se, ao menos três vezes, para planejar e executar o resgaste de seu chefe, Tiago. Eles contaram com o apoio de servidores públicos, que ainda não foram identificados. O grupo tentou resgatar Tiago por duas vezes, mas não conseguiram executar o plano.
Breno, filho da presidente do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral), desembargadora Tânia Garcia Freitas Borges, atuava como agente operacional da organização criminosa, executava o transporte de armas, munições e drogas, além de atender às demandas e determinações de WL e Tiago, notadamente no que toca a lavagem de capitais e tentativas de resgate deste último. Conforme evidenciado pela PF, Breno também atuava, sob determinação de Tiago, para ocultar o patrimônio e resolver questões financeiras relacionadas a veículos de integrantes da organização.
Dario, Matheus e Dayvidson também atuavam como agentes operacionais da organização criminosa, sob as determinações de Tiago, executando a guarda e o transporte de armas e munições, bem como atendendo às demandas do grupo criminoso, inclusive para o resgate de Tiago.
A função de Thais era de movimentar valores, sob as ordens de Tiago, em conta bancária em seu nome, bem como mantinha bens adquiridos com as práticas delituosas registradas em seu nome, de modo a viabilizar a lavagem de bens.
Tiago possui diversas condenações judiciais, cujas penas somadas alcançam 16 anos e 08 meses. Em dezembro de 2014, passou ao regime semiaberto de Campo Grande, mas fugiu em fevereiro de 2015, permanecendo foragido até outubro de 2016, quando veio a ser preso em flagrante em Três Lagoas. Após descoberta a tentativa de fuga, foi determinada a transferência de Tiago à Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande.
A organização criminosa encontra-se em atuação, ao menos, desde o começo do ano de 2016, em virtude da aquisição de bens de alto valor de mercado, a exemplo da motocicleta Kawasaki, modelo Z 1000 ABS, placas LSM7600, do município de São Gonçalo/RJ, adquirida em nome de terceiro, em estabelecimento situado no Rio de Janeiro, local de residência do integrante identificado apenas como WL, por R$ 49.900,00, cujo montante foi quitado em três parcelas, todas no mês de abril/2016, sem que os denunciados Mayara e Tiago dispusessem de atividade lícita que propiciasse tal aquisição.